O treinamento de trabalhadores no setor de construção em Kabinda destaca os desafios da luta contra a violência baseada em gênero na RDC.

A luta contra a violência baseada em gênero (VBG) na República Democrática do Congo (RDC) levanta questões complexas, tanto em questões culturais quanto socioeconômicas. Nesse contexto, o treinamento recentemente organizado em Kabinda, reunindo trabalhadores no setor de construção, destaca desafios e oportunidades para abordar esse assunto sensível. Exigindo uma reflexão sobre o comportamento individual e coletivo, essa iniciativa da associação para o bem-estar familiar e nascimentos desejáveis ​​(ABEF-ND) exige um exame das estruturas de poder subjacentes ao VBG. O interesse desse treinamento reside não apenas na educação dos participantes sobre respeito e segurança, mas também nas implicações mais amplas que isso poderia ter sobre a dinâmica social e profissional em uma região marcada por profundas desigualdades. Essa reunião poderia ser um passo em direção a uma consciência coletiva, ou seria apenas um elemento superficial em uma luta maior?
** Título: Luta contra a violência baseada em gênero: uma iniciativa crucial em Kabinda **

Em 20 de maio de 2025, Kabinda, capital da província de Lomami na República Democrática do Congo (RDC), foi palco de treinamento dedicado à prevenção da violência baseada em gênero (VBG). Organizado pela Associação para o bem-estar da família e nascimentos desejáveis ​​(ABEF-ND), esta sessão permitiu a cem trabalhadores de empresas de construção, incluindo a China Jiangxi International (CJIC) e o Guizhou Highway Group (GEE), para adquirir conhecimento crucial sobre um assunto muitas vezes negligenciado.

### Um contexto difícil

A RDC, como muitos países em desenvolvimento, enfrenta grandes desafios de direitos humanos, e os VBGs são uma ilustração trágica. Estudos mostram que a violência contra mulheres e meninas é onipresente, alimentada por fatores culturais, socioeconômicos e políticos. A guerra e os conflitos anteriores exacerbaram essas situações, mergulhando milhões de pessoas em estruturas de violência sistêmica. Assim, a realização desse treinamento em Kabinda aparece não apenas como uma resposta pragmática às violações dos direitos, mas também como uma necessidade de estabelecer um ambiente de trabalho seguro e respeitoso.

### Treinamento orientado para uma mudança de comportamento

O Dr. Placide Mbuyi, chefe de missão do abef-ND, enfatizou a importância desse treinamento, enfatizando o respeito mútuo como base de qualquer interação. Essa afirmação, embora evidente em teoria, levanta questões: como estabelecer uma cultura de respeito em um contexto em que os VBGs estão profundamente enraizados? Os participantes foram incentivados a assinar um código de boa conduta, que visa promover uma estrutura profissional livre de assédio, exploração e abuso sexual.

Essa abordagem levanta várias questões. Os trabalhadores, muitas vezes expostos a pressões econômicas e psicológicas, poderão respeitar esses compromissos sem estruturas de apoio adequadas? A responsabilidade também não deve ser incumbente aos empregadores para garantir um clima de segurança e escuta?

### Um compromisso coletivo necessário

A iniciativa Abef-ND, reunindo 109 trabalhadores, ilustra um passo em direção a um compromisso coletivo contra o VBG. No entanto, é aconselhável questionar a sustentabilidade de tais compromissos. O treinamento representa uma obrigação legal simples ou pode realmente causar mudanças comportamentais significativas? A assinatura de um código ético é louvável, mas deve ser seguida por ações concretas para garantir que o respeito pelos compromissos se torne uma realidade diária.

### Uma reflexão sobre o impacto das relações de poder

A luta contra os VBGs não pode se limitar ao treinamento e códigos de direção. Ele desafia estruturas muito mais amplas, incluindo relações de poder nas comunidades e empresas. A questão das relações sexuais transacionais, por exemplo, representa um desafio ético e moral. Os participantes deste treinamento foram incentivados a evitar essas práticas, mas realizadas em um turbilhão de desigualdades econômicas e sociais. Como abordar essa realidade sem considerar contextos institucionais e acesso a recursos?

### Conclusão

Em suma, o treinamento em Kabinda no VBG é uma iniciativa essencial que merece ser elogiada. Oferece uma estrutura para refletir sobre comportamentos individuais e coletivos, enquanto questiona os sistemas que os apoiam. As trocas e discussões que resultarão disso serão cruciais para avaliar o impacto real desse treinamento nos próximos meses. Essa abordagem encontra sua legitimidade em uma busca pela justiça social e dignidade humana, uma questão fundamental que merece ser transportada por toda a sociedade congolesa e além.

É urgente que vários atores – organizações da sociedade civil, empresas e governos – colaborem para construir uma resposta holística aos desafios colocados pela violência baseada em gênero. Essa mobilização poderia abrir o caminho para soluções duradouras, voltadas para a emancipação e o respeito por todos.

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