Por que o fechamento da Rádio Liberté Lisala revela uma ameaça crescente à liberdade de imprensa na RDC?

**Liberdade de imprensa em perigo: o encerramento da Rádio Liberté Lisala, um sintoma preocupante da crise da comunicação social na RDC**

Kinshasa, 13 de janeiro de 2025. O recente encerramento da Rádio Liberté Lisala, selado pela Polícia Nacional Congolesa (PNC) por ordem do prefeito da cidade, Sr. Romain Atongoli Mongomba, levanta questões não apenas sobre a liberdade de imprensa no Partido Democrático República do Congo (RDC), mas também sobre o estado da democracia e da governação no país. A medida ecoa uma tendência crescente de restringir o livre fluxo de informações e silenciar vozes críticas, especialmente aquelas que questionam a autoridade estabelecida.

### Um ato de autocensura coletiva

A Rádio Liberté Lisala foi alvo após transmitir um programa incendiário criticando a polícia que não conseguiu controlar a insegurança e as tensões fundiárias em Lisala. Esse tipo de transmissão, longe de ser um caso isolado, reflete uma realidade preocupante: muitos veículos de comunicação hoje se veem diante da necessidade de avaliar o risco de repressão antes de escolher sua linha editorial. Os jornalistas estão, portanto, optando pela autocensura, temendo represálias que vão desde intimidação física até o fechamento total de seus meios de comunicação.

### Um contexto histórico de repressão

O OLPA (Observatório para a Liberdade de Imprensa na África) ressalta que este incidente não se limita ao fechamento de um único meio de comunicação. Durante vários anos, a RDC tem sido palco de uma luta feroz para preservar um espaço para a liberdade de expressão. De acordo com dados coletados pelo relatório Repórteres Sem Fronteiras de 2023, a RDC ocupa a 150ª posição entre 180 no ranking mundial de liberdade de imprensa. Essa descida ao inferno coincide com uma série de eventos significativos: prisões de jornalistas, proibições de mídia e tentativas sistemáticas de erradicar vozes dissidentes.

### O Impacto Econômico e Social

Fechamentos como o Liberté Lisala não afetam apenas a liberdade de expressão, mas também a economia local e a dinâmica social. Uma mídia fechada significa um espaço a menos de informação para a população, o que contribui para o aumento da desinformação e a erosão da confiança pública nas instituições. Estudos mostram que em contextos onde a mídia é livre, há uma correlação direta com melhor governança, menos corrupção e maior participação cívica. Por outro lado, o controle e a repressão da mídia estimulam um cinismo crescente em relação aos líderes.

### Rumo a uma reação coletiva e urgente

O fechamento do Liberté Lisala provocou uma reação imediata da OLPA, que condenou o ato como um ataque aos padrões fundamentais de direitos humanos. No entanto, essa reação deve se tornar o catalisador da mobilização coletiva.. Os cidadãos, como partes interessadas valiosas, devem exigir responsabilização pela defesa do seu direito à informação. Além disso, o movimento popular provou sua eficácia em regiões vizinhas, onde movimentos sociais conseguiram impedir novas leis restritivas à imprensa.

### Apelo à solidariedade internacional

A comunidade internacional também desempenha um papel crucial na defesa da mídia na RDC. Os países da África Subsaariana, bem como as organizações de liberdade de imprensa, devem pressionar o governo congolês a respeitar seus compromissos internacionais de direitos humanos. O aumento do engajamento pode até mesmo alterar o cenário da mídia. Transparência e diversidade de vozes são vitais para garantir uma democracia saudável.

### Conclusão

O fechamento da Rádio Liberté Lisala é uma afronta à liberdade de imprensa na RDC, representando um sinal alarmante para um futuro em que a informação pode se tornar um luxo reservado àqueles que detêm o poder. Mais do que um alerta de crise, esta situação deve suscitar uma reflexão profunda sobre o valor da imprensa numa sociedade democrática. As vozes da mídia são essenciais para esclarecer os cidadãos, desafiar o inaceitável e promover mudanças. Os congoleses, como todos os povos do mundo, merecem acesso incondicional a uma imprensa livre e independente.

A situação atual da Rádio Liberté Lisala não deve ser uma inevitabilidade, mas um chamado à ação. A liberdade de imprensa não é negociável e deve ser defendida ferozmente, sob o risco de ver os próprios fundamentos da democracia ruírem.

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