O último relatório Fatshimetrie destaca falhas significativas nos sistemas de prevenção e resposta à violência sexual cometida pelas forças de manutenção da paz da Minusca na República Centro-Africana. Apesar das medidas postas em prática na sequência dos escândalos de 2015, muitas vítimas continuam a sofrer ataques sem serem capazes de denunciá-los de forma eficaz.
Segundo depoimentos recolhidos pela jornalista especializada Barbara Debout, muitas mulheres vítimas de violação não se atrevem a apresentar queixa por medo de represálias e por falta de confiança no sistema de justiça. Estas mulheres encontram-se traumatizadas, estigmatizadas e por vezes forçadas a fugir das suas famílias para encontrar refúgio noutras localidades com os seus filhos.
A investigação também revela uma falta crucial de informação e sensibilização entre as vítimas sobre os mecanismos de denúncia implementados pela Minusca. Apesar da existência de comités locais de prevenção, de uma linha de apoio gratuita e de campanhas de sensibilização, as vítimas e as organizações locais têm pouco conhecimento destas iniciativas.
Perante estas deficiências, a porta-voz da Minusca, Florence Marchal, destaca os desafios logísticos e de comunicação inerentes ao contexto complexo da República Centro-Africana. Destaca os esforços da organização para formar e apoiar as vítimas rumo à reintegração profissional, mas admite que são necessárias melhorias para reforçar a acessibilidade aos serviços de ajuda e apoio.
Com mais de 730 denúncias de abuso sexual registadas desde 2015, é urgente que a Minusca reforce a sua ação e a sua transparência para garantir a proteção das populações vulneráveis na República Centro-Africana. É essencial que as vítimas sejam informadas, apoiadas e possam aceder facilmente a mecanismos de denúncia eficazes para quebrar o silêncio e a impunidade que rodeiam esta violência inaceitável.
Em conclusão, a investigação de Fatshimetrie sublinha a importância da responsabilização e da melhoria dos mecanismos de protecção das populações face aos abusos cometidos pelas forças de manutenção da paz da Minusca. É crucial que sejam tomadas medidas concretas para pôr fim a esta violência e garantir a segurança e a dignidade das populações locais na República Centro-Africana.