Ousmane Sonko destaca os desafios do Cédéao e a importância do diálogo durante sua visita a Burkina Faso.


A recente entrevista com o primeiro -ministro senegalês Ousmane Sonko com o Burkinabè RTB Public Channel, após sua visita a Burkina Faso, levanta questões importantes sobre a dinâmica regional na África Ocidental e o lugar da comunidade econômica dos estados da África Ocidental (CEDEAO) nesse contexto.

Ousmane Sonko expressou arrependimentos quanto à retirada dos países da Aliança dos Estados Sahelo-Saarianos (AES)-Burkina Faso, Mali e Níger-da Cédéao, enquanto formulavam críticas à organização. Essa posição testemunha uma preocupação crescente entre certos líderes africanos, que percebem o Cédéao como às vezes reativo e não proativo em suas intervenções. Sonko enfatizou notavelmente que as profundas causas de golpes, como “brincadeiras constitucionais” e a repressão de oponentes, não receberam a atenção que merecem. Ele chamou o Cédéao para aprender com a situação atual.

Essas críticas não são novas e fazem parte de um debate mais amplo sobre governança e estabilidade política na África Ocidental. O Cédéao, fundado em 1975, pretende promover a cooperação econômica, mas também assumiu posições em crises políticas na Etiópia e Burkina Faso. Sua eficácia tem sido frequentemente questionada, em particular no que diz respeito à sua abordagem aos golpes. A questão permanece: como uma organização intergovernamental pode equilibrar seu papel como árbitro, respeitando a soberania dos Estados -Membros?

A relação entre o Senegal e Burkina Faso, como Sonko apontou, parece se fortalecer apesar das tensões regionais. Os dois países já assinaram vários acordos de cooperação em campos essenciais, como segurança e economia. Isso levanta uma questão sobre a maneira como esses países podem continuar a colaborar de maneira eficaz, mesmo na ausência do todo regional de Cédéao. De fato, colaborações bilaterais podem ser uma resposta pragmática aos desafios encontrados em estruturas mais amplas.

Também é notável que, durante esta entrevista, Ousmane Sonko não mencionou Guy Hervé Kam, um advogado de Burkinabè detido e ligado ao seu passado como oponente do Senegal. Esse silêncio desafia o tratamento de problemas de direitos humanos dentro desses diálogos políticos. A detenção de Kam, considerada “arbitrária” por certos observadores, levanta questões sobre o lugar dos direitos individuais nas relações interestaduais, um tema muitas vezes delicado nos debates políticos.

A situação atual na região é, sem dúvida, complexa. A retirada de certos países do CEDEAO é emblemática de um contexto de desconfiança em relação às instituições regionais, mas também de um desejo de soberania reforçada. As perguntas permanecem quanto à capacidade do Cédéao de reivindicar seu papel como mediador eficaz, sem aparecer como um imponente corpo de soluções. Um diálogo aberto e construtivo entre os países da região poderia oferecer maneiras de uma resolução cooperativa de crises.

Em conclusão, a visita de Ousmane Sonko a Burkina Faso e sua entrevista com a RTB abrem um espaço para reflexão sobre a cooperação regional e os ajustes necessários dentro de instituições como o Cédéao. A busca por soluções duradouras, sem dúvida, envolve reexaminar os métodos de intervenção e apoio a países em crise, favorecendo o diálogo e a compreensão das causas profundas, respeitando as escolhas soberanas das nações. Em um contexto em que a estabilidade política está ameaçada, a capacidade de forjar alianças construtivas e respeitosas pode muito bem ser a chave para um futuro comum comum e próspero na África Ocidental.

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