** Kinshasa, 20 de maio de 2025: em direção a um novo começo para a Igreja Kimbanguist? **
O anúncio feito pelo líder espiritual da Igreja Kimbanguist sobre o desenvolvimento de um barco de pesca e a construção de um edifício administrativo no campo da Fuma em Nkamba, na província de Kongo Central, marca um momento de reflexão para esta comunidade religiosa. Essas são iniciativas que não são apenas projetos de infraestrutura, mas também símbolos do compromisso dos fiéis de uma igreja cuja história está profundamente enraizada no contexto sociocultural da República Democrática do Congo.
O Secretário Geral da Associação de Papas Kimbanguist, Daniel Luntadila, enfatizou que essas iniciativas são uma resposta às expectativas divinas, um ponto crucial que merece ser analisado. A importância desses projetos, além de sua natureza pragmática, reside no sentido que eles carregam para os membros da comunidade. Como eles podem, por esses atos, contribuir para um renascimento espiritual e social? A declaração de Lunadila exige uma “capacidade de abnegação e determinação”. Esse pedido não pretende apenas galvanizar os fiéis, mas também incutir um sentimento de responsabilidade coletiva nesta igreja.
** A dimensão histórica e espiritual **
Nesse contexto, é interessante lembrar as origens da Igreja Kimbanguist. Fundada por Simon Kimbangu na década de 1920, esta igreja sempre desempenhou um papel crucial na luta pela identidade e autonomia cultural dos congolês diante da colonização. A figura de Papa Diangienda Kuntima, mencionada por Lundila, é central para entender os valores de dedicação e comprometimento que ainda animam os fiéis hoje. Essa memória histórica faz parte de uma estrutura onde a espiritualidade está intimamente envolvida no comprometimento social.
Pode -se também questionar o impacto desses projetos na comunidade estendida. A compra do barco pela Associação de Mulheres Kimbanguist (AFKI) em 2024, o que tornou possível gerar um excedente de peixes, demonstra um modelo de auto-suficiência que poderia inspirar outras iniciativas econômicas e sociais nas comunidades religiosas. Esse sucesso pode ser o precursor dos projetos ainda mais ambiciosos, se for adequadamente suportado e estendido.
** O desafio da responsabilidade coletiva **
No entanto, surge a questão de saber se o espírito de abnegação e determinação, tão defendido por Luntadila, será suficiente para superar os complexos desafios enfrentados por qualquer comunidade. As falhas passadas devem ser uma fonte de lição, mas como os pais de kimbanguist pretendem evitar as armadilhas que dificultaram seus projetos anteriores? O apelo à humildade em seu discurso é essencial, mas deve ser acompanhado por uma análise rigorosa das razões que levaram a essas falhas anteriores. O espírito comunitário, embora importante, deve ser acompanhado por gerenciamento prudente e planejamento estratégico.
As consequências do gerenciamento eficaz ou ineficaz dessas iniciativas terão repercussões não apenas na saúde econômica da comunidade de kimbanguist, mas também em sua imagem aos olhos do mundo exterior. Em um período em que a RDC enfrenta vários desafios econômicos, políticos e sociais, essas ações podem potencialmente promover um diálogo construtivo entre as diferentes comunidades religiosas e a sociedade civil como um todo.
** Uma visão para o futuro **
Em conclusão, os projetos anunciados pela Igreja Kimbanguist, embora apresentem promessas inegáveis, exigem atenção e gestão cuidadosas. A vontade exibida pelos pais kimbanguist para endireitar e atender às expectativas divinas é admirável, mas deve ser acompanhada por uma reflexão crítica sobre os métodos implementados e em consulta com todos os membros da comunidade.
O futuro dessas iniciativas, sem dúvida, dependerá da capacidade dos fiéis de trabalhar juntos, aprender com seus erros e realmente se envolver no desenvolvimento da comunidade. Nesse contexto, seria interessante seguir de perto a evolução desses projetos, não apenas para seus resultados imediatos, mas também por sua capacidade de inspirar outras formas de colaboração e solidariedade na sociedade congolesa.