Inauguração em Paris de um memorial para as vítimas de deportação homossexual, enfatizando a importância da memória e os direitos das minorias.


### inauguração do memorial em homenagem às vítimas LGBT+ em Paris: reconhecimento simbólico e histórico

Em 17 de maio de 2025, Paris inaugurou um memorial em homenagem às vítimas homossexuais da deportação, bem como às vítimas LGBT+ ao longo da história, coincidindo com o Dia Mundial contra homofobia, transfobia e bifobia. Este memorial, uma obra do artista Jean-Luc Verna, está na forma de uma estrela de aço preto, símbolo da escuridão da memória e da luz do futuro. Sua instalação nos jardins do porto do Arsenal, perto do local de Bastilha, assume um significado particular, prestando homenagem a um passado frequentemente esquecido.

### Uma realidade histórica silenciosa

As palavras de Anne Hidalgo, prefeito de Paris, durante essa inauguração sublinham a importância de reconhecer uma memória esquecida há muito tempo: “Reconhecer, ou seja, dizer ‘aconteceu’ e dizer ‘não queremos que isso aconteça novamente'”. Essa declaração lembra que o trabalho da memória é essencial não apenas para honrar as vítimas, mas também para impedir a recorrência de discriminação e violência com base na orientação sexual ou na identidade de gênero.

As estimativas sobre o número de pessoas homossexuais deportadas durante a Segunda Guerra Mundial na Europa variam, com números variando de 5.000 a 15.000. Na França, os dados permanecem vagos, oscilando entre sessenta e 200 pessoas. Essa incerteza enfatiza ainda mais a necessidade de comemoração: oferece uma estrutura para questionar as histórias menores da história.

### Um memorial como uma ferramenta de transmissão

Régis Schlagdenauffen, professor da Ehess, descreveu a realização deste memorial de “culminar” após uma década de obras realizadas por um coletivo inter-associativo. Para ele, este monumento vai além do simples tributo simbólico: serve como ponto de partida para um diálogo contínuo sobre discriminação passada e presente. Jean-Baptiste Trieu, presidente da Associação “Os Esquecidos da Memória”, também expressaram que esse espaço deve lembrar que os direitos, mesmo adquiridos, nunca são congelados. Essa observação é crucial em uma época em que novos movimentos agressivos e discursos parecem querer derrubar os avanços sociais das décadas.

## a dimensão política e social

A decisão de não optar por um triângulo rosa, um emblema tradicionalmente associado a deportados homossexuais, a fim de incluir vítimas contemporâneas, não não tem perguntas. Essa escolha testemunha o desejo de ancorar o memorial no presente, estabelecer uma conexão entre lutas passadas e as de hoje. Isso desperta um debate pela maneira como já honramos as vítimas sem sacrificar a complexidade de suas histórias.

As palavras de Hidalgo sobre os “ventos opostos” que tentam negar essa diversidade revelam uma verdade preocupante sobre a homofobia latente que persiste, mesmo nas sociedades frequentemente consideradas progressistas. Este memorial pretende ser um baluarte contra o esquecimento e uma afirmação da resistência coletiva diante da violência da intolerância, uma questão que, embora seja específica para a comunidade LGBT+, também ressoa com outras lutas pelo reconhecimento de direitos humanos.

### para uma educação de memória

A inauguração deste memorial é uma oportunidade de refletir sobre como as sociedades se lembram e ensinam seu passado. Que lições podem ser aprendidas da história sobre a integração e aceitação das diferenças? Como as instituições educacionais podem integrar essas histórias, geralmente omitidas ou minimizadas em seus programas? A memória coletiva está fundamentalmente ligada à educação, e o memorial pode se tornar uma âncora para iniciativas educacionais destinadas a cultivar a consciência crítica e empática entre as gerações jovens.

### Uma visão inclusiva do futuro

A criação deste memorial em Paris é, portanto, um ato simbólico que vai além da simples comemoração. Evoca um apelo à ação na luta por uma sociedade mais justa, onde o reconhecimento do sofrimento passado pode esclarecer os desafios atuais. As palavras de Hidalgo e outras partes interessadas lembram que a aceitação da diversidade e a proteção dos direitos de todas as pessoas são responsabilidades horizontais, que incumbentes de cada um de nós.

Em suma, este memorial representa um espaço para interrogatório e diálogo, convidando todos a refletir sobre seu próprio papel na construção de um futuro que respeita e celebra a diversidade humana. É um passo bem -vindo no reconhecimento de uma parte da história que merece ser ouvida, mas também é um lembrete constante da vigilância necessária diante da discriminação que está sempre presente.

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