** Rethink Liberdade: uma estrada espalhada de armadilhas **
O drama que ocorreu recentemente no Tribunal Mestre de Wynberg, onde um táxi perdeu a vida enquanto se apresentava por acusações de assassinato, questiona profundamente nossa concepção atual de liberdade. Nesse dia, perto do dia da liberdade, esse trágico evento lembra como nossa luta contra a violência, a injustiça e a exclusão ainda é relevante. Mais do que uma notícia simples, esse incidente faz parte de uma série de violência que parece cada vez mais trivial, corroendo a confiança que colocamos em nossas instituições judiciais e em nossa sociedade em geral.
A própria noção de liberdade, que estava no coração da luta anti-apartheid, merece ser redefinida e questionada. Estamos envolvidos em um processo contínuo, um caminho para rastrear, em vez de celebrar uma vitória totalmente adquirida em 1994. Essa situação de “limitada”, conforme descrito por Victor Turner, onde identidades e valores estão desfocados, chama nossa atenção para as muitas dimensões do que significa ser livre.
A violência que toca nossas escolas e nossos tribunais questiona nossa segurança coletiva. Em um país onde mais de 60 % dos jovens entre 15 e 24 anos estão desempregados, é legítimo se perguntar se podemos realmente nos considerar livre quando o acesso a um emprego e uma vida digna continua sendo um privilégio para alguns. Essa preocupação, ligada ao acesso igual a oportunidades, é essencial para construir uma sociedade verdadeiramente lançada.
Debates políticos contemporâneos, frequentemente marcados pela polarização e divisão, alimentam esse sentimento de divisão. Figuras públicas como Julius Malema e organizações como Afriforum parecem, por meio de seus discursos, para incentivar uma dinâmica que ignoraria a importância dos laços sociais e da reconciliação. Nesse clima, a promessa de liberdade não podia ser vista como um direito concedido a todos, mas como um conceito moldado por interesses específicos, fortalecendo assim as desigualdades.
A educação, muitas vezes percebida como um vetor de emancipação, também sofre um enfraquecimento quando o currículo favorece a conformidade, em vez de críticas e autonomia do pensamento. Como podemos nos preparar para as gerações futuras enfrentarem os desafios de um mundo complexo se não lhes darmos as ferramentas para questionar e pensar criticamente? Ao deixar de incentivar essa capacidade, corremos o risco de criar uma classe de cidadãos que dificilmente estão equipados para apoiar uma democracia saudável e dinâmica.
No centro desta reflexão, surge a questão da empatia e da responsabilidade coletiva. A ruptura dos laços da comunidade em um contexto em que a polarização se torna a norma incentiva a percepção de que a violência, a corrupção e a exclusão seriam fatalidades, características inevitáveis de nossa realidade. Isso requer um desafio em termos de valores: estamos prontos para ver a vulnerabilidade dos outros como um reflexo de nossa humanidade comum, em vez de uma fraqueza para ignorar?
No início deste Dia da Liberdade, é apropriado questionar o custo de nossa liberdade para os outros. Nossos silêncios, nossas escolhas e nossa indecisão formam não apenas nosso presente, mas também o futuro de nossos filhos. A maneira pela qual nos aproximamos dos grandes desafios sociais e econômicos contemporâneos determinará o tipo de sociedade que os deixaremos.
Para avançar, cabe a nós reafirmar nosso compromisso com a justiça, a segurança e a equidade. Isso requer um investimento em nossas instituições, mas também em nossa capacidade de praticar altruísmo e solidariedade. A construção de uma nova moralidade não pode ser feita sem um desejo coletivo de reavaliar nossas prioridades em termos de liderança e governança.
Isso implica que cada cidadão, cada ator social, participa da redefinição da liberdade. Uma liberdade que não é apenas um conceito abstrato, mas uma realidade que é construída diariamente. É um pedido de ação que vai além dos slogans superficiais e ancorada em atos concretos de solidariedade e envolvimento da comunidade.
Em suma, essa reflexão em torno de nossa liberdade deve nos encorajar a refletir, um exame crítico de nossos valores e um desejo de engajamento coletivo. Porque não é apenas uma questão de lembrar nossas lutas passadas, mas de construir um futuro de dignidade e justiça para todos.