Esta semana marcou o desaparecimento de Essy Amara, uma figura emblemática da diplomacia marfim e ministra de Relações Exteriores da Félix Houphouët-Boigny. Aos 82 anos, sua partida despertou uma onda de homenagens que, se não deixar de ser tingidas com certas conveniências, sublinha a importância de sua carreira diplomática. Essy Amara não se limitou a ser um diplomata: incorporou uma época em que a diplomacia era percebida como um corpo de elite, com qualidades inegáveis, que influenciaram não apenas as relações internacionais de seu país, mas também a própria imagem da África na cena mundial.
A análise dos tributos recebidos por Essy Amara não pode ignorar a observação de uma certa falta de modelos na diplomacia contemporânea. Se a menção da discrição e a humildade que a definiu é elogiada por unanimidade, pode -se perguntar por que essas qualidades parecem raras em muitos de seus sucessores. De fato, em um contexto global em que predominam a incerteza e a turbulência política, parece que as figuras da prowe da diplomacia africana, como Essy Amara, estão se tornando cada vez mais raras.
É interessante notar a longevidade excepcional da rota de Essy Amara, que navegou pelo tumulto político de seu tempo, em um país marcado por mudanças significativas. Entre 1990 e 1999, ele ajudou a forjar a identidade da Costa do Marfim no cenário internacional, seguindo um caminho marcado por competência e know-how. Nisso, ele faz parte de uma herança deixada por outro diplomata ilustre, Félix Houphouët-Boigny, que ele próprio limitou o número de ministros estrangeiros a três, ilustrando assim o desejo de garantir um conhecimento constante no topo da diplomacia marfim.
No entanto, essa tradição de excelência parece enfraquecida hoje. A percepção de que o Ministério das Relações Exteriores deve ser um santuário de habilidades é prejudicado por práticas de nepotismo e favoritismo, provavelmente orquestrar um declínio nos padrões. Isso leva a uma prisão legítima: onde estão os “Amara Essy” hoje? Qual é a estratégia dos estados africanos para atrair e manter os talentos diplomáticos necessários para a influência internacional, em um mundo onde a imagem e a comunicação também são eixos importantes?
Apesar desse inventário bastante preocupante, é fundamental não jogar o estigma sobre toda a classe diplomática atual. De fato, existem, e em particular na África, muitos diplomatas competentes e comprometidos, que trabalham diariamente nas sombras para promover os interesses de seu país. Isso lembra que as adversidades também podem nutrir as aspirações por excelência. Isso levanta a questão da maneira como esses talentos podem ser suportados e tornados visíveis.
As reflexões que surgem da vida de Essy Amara reforçam a idéia de que uma sólida diplomacia é baseada em treinamento rigoroso e valores intrínsecos. Além disso, a memória e a história coletiva experimentados por nossos diplomatas devem ser documentados. Isso não apenas honraria sua herança, mas também participaria de gerações futuras inspiradoras.
Em conclusão, a celebração da memória de Essy Amara não deve se limitar a admirar palavras, mas deve incentivar a introspecção coletiva nas esferas diplomáticas africanas. É uma questão de revisar não apenas os modelos antigos, mas também de considerar possíveis faixas de melhoria, para que o legado da excelência deixado por diplomatas conscientes possa persistir em uma área com questões cada vez mais complexas. A busca por diplomacia renovada, rigorosa, humana e inspirada constitui um desafio e uma necessidade para o presente e o futuro.