### para uma União Nacional ou um novo ciclo de crises na República Democrática do Congo?
Com o recente chamado do Presidente Félix Tshisekedi para formar um governo de unidade nacional, a República Democrática do Congo (RDC) está em uma encruzilhada política em grande escala. Embora a opção de um governo inclusivo possa parecer uma solução salutar para sair de um impasse político e social persistente, a resposta da oposição, que resulta em uma rejeição contundente dessa proposta, respira uma nova camada de complexidade na dinâmica política do país.
#### Uma estrutura política frágil
Para entender a magnitude dessa situação, é essencial colocar em perspectiva o funcionamento histórico e contemporâneo das instituições congolitas. A RDC sofria de décadas de conflitos, corrupção endêmica e governança ineficaz que minou a confiança dos cidadãos em seus líderes. Em 2023, de acordo com os mais recentes relatórios da Transparency International, a RDC classificou -se entre os países mais corruptos do mundo, o que reflete um sentimento de desconfiança de instituições políticas. Consequentemente, o chamado de Tshisekedi, embora aparentemente promissor, cristaliza mais dúvidas sobre sua sinceridade, especialmente porque a história política da RDC é marcada por promessas injustificadas e coalizões efêmeras.
#### as vozes da oposição
A recusa dos líderes da oposição, como Martin Fayulu e Jean Marc Kabund, de participar de um possível governo de unidade nacional é indicativo de desconfiança profundamente enraizada. Eles não apenas denunciam a falta de sinceridade de Tshisekedi, mas também destacam o perigo de um “retorno à estaca zero”, onde as mesmas figuras políticas, acusadas de ineficácia, seriam chamadas a desempenhar um papel central em um governo quando são percebidas como incapazes de responder aos verdadeiros desafios que submenam o país.
### Securidade e desafios sociais
O contexto de segurança na RDC, em particular no leste do país, exacerba as tensões políticas. A persistência da insurgência armada, em particular a do movimento M23/AFC, contrasta fortemente com o discurso da reconciliação desejado por Tshisekedi. Uma análise da tese estratégica do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD) enfatiza que mais de 5,4 milhões de pessoas são movidas por causa da violência e que a população sofre muito de uma crise humanitária. Assim, como esperar que um governo de unidade nacional, que exigiria a participação de facções políticas em conflito, possa encontrar soluções adequadas sem incluir votos das comunidades afetadas?
#### Paralelos históricos: a rota dos governos sindicais
Para enriquecer o debate, é instrutivo examinar exemplos históricos de governos da unidade nacional em outros países, como a África do Sul após o apartheid ou o Líbano, uma guerra civil. Nesses casos, a criação de uma autoridade inclusiva exigia uma estrutura sólida para a confiança e um desejo de reforma em profundidade. Na RDC, a ausência de tal estrutura e a história de traições e decepções tornam a idéia de um aparente governo da União como uma atração simples.
#### Uma nova fortaleza: em direção a um governo de Suminwa II?
Diante da intransigência da oposição, a RDC poderia ir a uma nova equipe do governo chamada Suminwa II. Se for esse o caso, a composição desse gabinete será crucial. A institucionalização de tecnocratas honestos e capazes é essencial, mas a questão da vontade política e o apoio popular permanece sem resposta. Com as eleições de 2028 no horizonte, a capacidade desse governo de estabelecer reformas significativas e recriar a confiança desempenha um papel decisivo no futuro do país.
#### Uma chamada para uma reconciliação autêntica
Para sair dessa espiral de desconfiança e confrontos, um diálogo real é imperativo. Inclusivo, esse diálogo não deve apenas reunir atores políticos, mas também organizações da sociedade civil, grupos comunitários e povos afetados pela guerra. O apoio internacional, na forma de observação e envolvimento em diálogos da paz, também pode revitalizar a dinâmica política nacional.
Em suma, o país está em um ponto de virada crítico. O caminho para a reconciliação real e a paz duradoura são pontilhadas de armadilhas, mas é essencial construir uma RDC estável e próspera. Os congolês, além de sua história tumultuada, merecem liderança que transcenda as clivagens em favor de um futuro comum. Com escolhas políticas corajas, que levam em consideração aspirações populares, a RDC pode muito bem transformar esse momento de crise em uma oportunidade de renascimento.