A inesperada aliança entre Joseph Kabila e Moïse Katumbi, duas importantes figuras políticas da República Democrática do Congo, levanta muitas questões e desperta paixões. Embora os dois homens até então parecessem seguir trajectórias políticas diametralmente opostas, o seu recente encontro na Etiópia e a declaração conjunta que se seguiu mudaram radicalmente a situação.
A República Democrática do Congo atravessa actualmente um período tumultuado, marcado pela crescente insegurança no leste do país, onde os rebeldes do M23 conquistaram vastos territórios. Neste contexto, as duras críticas à presidência de Félix Tshisekedi por parte de Kabila e Katumbi ressoam como um alerta para o regime em vigor. A sua declaração conjunta denunciando a presença de forças armadas ilegais e apelando às forças políticas para se unirem contra o que descrevem como “ditadura” poderá marcar um ponto de viragem na vida política congolesa.
No entanto, esta aliança entre Kabila e Katumbi não é isenta de controvérsia. Os dois homens são, de facto, acusados por Kinshasa de conluio com o Ruanda, um país vizinho e um dos principais intervenientes nos conflitos na RDC. Além disso, as Nações Unidas apontaram o alegado apoio do Ruanda aos rebeldes do M23, lançando assim uma luz preocupante sobre as ligações entre os protagonistas desta nova aliança.
O encontro entre Kabila e Katumbi durante o fórum de 2022, onde os antigos rivais trocaram um aperto de mão simbólico, sugere a possibilidade de uma convergência política sem precedentes. Se esta aliança for confirmada, poderá reorganizar as cartas do cenário político congolês e abrir caminho a novas perspectivas para o futuro da RDC.
Em última análise, a aliança entre Joseph Kabila e Moïse Katumbi constitui um acontecimento importante nas notícias políticas da República Democrática do Congo. Se ainda falta esclarecer as motivações e implicações desta união, uma coisa é certa: não deixará ninguém indiferente e poderá muito bem redefinir o equilíbrio de poder no país.