Reforma do Código da Família em Marrocos: Questões e desafios para a igualdade de género


No Reino de Marrocos, a questão da igualdade de género e dos direitos das mulheres continua a suscitar debates acalorados na sociedade civil. Embora a proposta de reforma do Código da Família tenha sido recentemente mencionada pelo Ministro da Justiça, as reacções dos vários intervenientes reflectem um sentimento misto de decepção e expectativa.

Os movimentos feministas, que travam uma longa luta pelo pleno reconhecimento dos direitos das mulheres, manifestaram a sua decepção com algumas das propostas apresentadas. Com efeito, a recusa dos testes de ADN como prova de paternidade biológica para crianças nascidas fora do casamento foi vista como um retrocesso em relação às reivindicações legítimas das mulheres em termos de reconhecimento da filiação.

Da mesma forma, a questão do casamento de menores continua a ser um assunto delicado, continuando a ser consideradas isenções concedidas por certos juízes, levantando questões legítimas sobre a protecção dos direitos das raparigas. Ghizlane Mamouni, advogada e presidente da associação Kif Mama Kif Baba, destaca a necessidade de estabelecer uma proibição formal do casamento antes da idade legal de 18 anos, sem qualquer exceção, a fim de garantir a proteção dos menores contra os casamentos precoces.

A poligamia, uma prática controversa, também suscita debate, especialmente no que diz respeito às condições em que é permitida. A manutenção da poligamia em casos de infertilidade ou doença da esposa levanta questões éticas e legais, realçando preocupações sobre o respeito pela privacidade e a protecção dos direitos das mulheres.

Além disso, os anúncios relativos à tutela legal dos filhos de pais divorciados foram considerados demasiado imprecisos, deixando incerteza em torno dos direitos e responsabilidades dos pais em tais situações. Contudo, registou-se um avanço positivo: a manutenção da guarda dos filhos pela mãe em caso de novo casamento, marcando assim o reconhecimento do seu papel e responsabilidade parental.

Neste contexto, é fundamental que o debate sobre a reforma do Código da Família prossiga de forma inclusiva, tendo em conta as diferentes sensibilidades e garantindo a protecção dos direitos das mulheres e das crianças. A igualdade de género e a luta contra a discriminação devem permanecer no centro das reformas legislativas, a fim de construir uma sociedade marroquina mais justa e igualitária para todos os seus cidadãos.

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