A agitação habitual das festividades de fim de ano parece estar dando uma pausa no mercado Rond Point Ngaba, em Kinshasa, na véspera de Natal. Uma observação um tanto desconcertante, que contrasta com a efervescência e agitação habituais que reinam nestes tempos de celebração.
As barracas, geralmente lotadas de pais procurando comida e roupas para os filhos, parecem estranhamente vazias, transmitindo uma calma incomum. Vendedores que testemunharam essa situação expressaram preocupação com o baixo fluxo de clientes. Uma vendedora de roupas confessa sua decepção: “Não há clientes de verdade, as pessoas não vêm comprar, minhas mercadorias estão lá, os clientes apenas perguntam o preço e passam direto, as pessoas dizem que não há “não há dinheiro”.
Além do aspecto financeiro, é toda a precariedade da atual situação socioeconômica que transparece nesse ambiente misto. Os pais, preocupados com o aumento dos preços e a difícil situação econômica, estão expressando preocupação sobre sua capacidade de proporcionar um Natal festivo para seus filhos. “A situação econômica é realmente difícil, as pessoas ainda não foram pagas… Os preços das roupas e alimentos estão muito altos, como vamos comemorar com nossos filhos?”, pergunta-se Jean Mbaki, pai.
Além dessas preocupações financeiras, há outro obstáculo à serenidade das festividades: os engarrafamentos que paralisam o trânsito na cidade de Kinshasa. Esses congestionamentos causam certa frustração entre os moradores, dificultando o bom andamento das festividades e o clima festivo que normalmente deveria reinar nesta época do ano.
Essa atmosfera contrastante que reina no mercado de Rond Point Ngaba à medida que as festas de fim de ano se aproximam levanta questões sobre a capacidade das famílias congolesas de celebrar com júbilo um período tradicionalmente marcado pela alegria e pela partilha. Uma situação que destaca os desafios enfrentados por muitas famílias, bem como o impacto das flutuações econômicas na vida cotidiana das pessoas.
Apesar destes desafios, o espírito de solidariedade e resiliência que caracteriza o povo congolês não deixará, sem dúvida, de se manifestar, oferecendo assim a esperança de uma celebração, ainda assim, marcada pelo calor humano e pela partilha. Para além das dificuldades, é talvez nestes momentos de incerteza que se revela a verdadeira força e unidade de uma comunidade, disposta a superar juntos as provações e a celebrar apesar de tudo a magia das celebrações de fim de ano.