Num mundo que enfrenta desafios ambientais crescentes, a questão da desertificação e da degradação dos solos está a tornar-se cada vez mais importante. Um relatório das Nações Unidas revela que mais de três quartos das terras do planeta experimentaram condições mais secas entre 1970 e 2020, em comparação com os trinta anos anteriores. Este desenvolvimento preocupante é atribuído às temperaturas mais elevadas associadas às alterações climáticas causadas pelo homem, à escassez de água e à desflorestação.
Apresentado na cimeira da ONU em Riade, na Arábia Saudita, sobre a luta contra a desertificação, o relatório destaca as consequências desastrosas da aridificação dos solos. As regiões afetadas estão gradualmente a transformar-se em desertos, ameaçando a sobrevivência da vida vegetal e animal. Esta situação põe em risco a segurança alimentar, especialmente para as comunidades dependentes da agricultura.
Especialistas alertam para os impactos crescentes deste fenômeno. Se as actuais tendências de aquecimento global se mantiverem, quase cinco mil milhões de pessoas, a maioria da população mundial, poderão ser afectadas pela seca até ao final do século. Regiões como a Europa, parte do oeste dos Estados Unidos, Brasil, Leste Asiático e África Central poderão ser particularmente afetadas.
Sergio Vicente-Serrano, um dos principais autores do relatório, salienta que o aquecimento da atmosfera, alimentado pelas emissões de gases com efeito de estufa provenientes da queima de carvão, petróleo e gás, está a provocar um aumento da evaporação no solo. Esta redução na água disponível torna a sobrevivência mais difícil para humanos, plantas e animais.
O impacto na agricultura é significativo, com a terra a tornar-se mais seca, ameaçando o rendimento das colheitas e a disponibilidade de alimentos para o gado. A produção alimentar fica assim comprometida, agravando a insegurança alimentar a nível mundial.
Para além das consequências na agricultura, a desertificação também leva a deslocações populacionais, prejudicando o desenvolvimento económico das regiões afectadas. As regiões mais secas, como o Sul da Europa, o Médio Oriente, o Norte de África e o Sul da Ásia, são particularmente vulneráveis a estas convulsões.
Perante esta ameaça crescente, é essencial uma acção internacional coordenada para evitar uma deterioração mais grave da situação. A protecção dos ecossistemas, a promoção de práticas agrícolas sustentáveis e a adopção de políticas para preservar os recursos naturais são medidas cruciais para combater a desertificação e restaurar a saúde da terra.
Em última análise, preservar os nossos ecossistemas terrestres é essencial para garantir o futuro do nosso planeta e dos seus habitantes. O combate à desertificação e à degradação dos solos exige uma mobilização global e esforços concertados para garantir um futuro sustentável para todos.