A cimeira tripartida entre Angola, Ruanda e RDC, marcada para Luanda em Dezembro de 2024, sob a égide do Presidente João Lourenço, está no centro das preocupações diplomáticas em África. Esta reunião, iniciada no âmbito do processo de Luanda e mediada pela União Africana, cristaliza as tensões e questões geoestratégicas na região.
Embora as relações entre a RDC e o Ruanda sejam tensas e o leste da RDC continue vítima da instabilidade, o envolvimento do Presidente americano Joe Biden em Luanda pouco antes do final do seu mandato levanta questões sobre uma possível reorganização estratégica na região. Alguns observadores vêem esta medida como um desejo de fortalecer a influência americana numa região atormentada por tensões crescentes.
A cimeira de Luanda, orquestrada por João Lourenço, mediador nomeado pela União Africana, reuniu os presidentes Paul Kagame do Ruanda e Félix Tshisekedi da RDC. O encontro, anunciado na comunicação social angolana, levanta expectativas para a resolução das tensões entre os dois países vizinhos e para a estabilidade regional.
Os recentes avanços diplomáticos, como a assinatura do “Conceito de Operações” (CONOPS) entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da RDC e do Ruanda, constituem um passo significativo para uma resolução pacífica do conflito. Este documento prevê um plano em quatro etapas, destinado a avaliar a ameaça das FDLR, neutralizar os grupos armados, avaliar a eficácia das operações e trabalhar para estabilizar a região.
No entanto, persistem vozes céticas quanto à resolução da disputa, enfatizando a necessidade de uma verdadeira vontade política de ambos os lados para alcançar uma paz duradoura. O Presidente do Ruanda é chamado a reconsiderar a sua posição, a fim de estabelecer um diálogo construtivo e promover a cooperação regional.
Por último, é crucial que a RDC permaneça vigilante face a possíveis manobras geopolíticas do Ruanda, conhecido por praticar um jogo duplo em termos de diplomacia regional. São necessárias cautela e firmeza para garantir a estabilidade e a segurança na região dos Grandes Lagos.
Em conclusão, a cimeira tripartida de Luanda representa uma oportunidade crucial para acalmar as tensões entre a RDC e o Ruanda e para promover uma cooperação regional construtiva. Cabe aos líderes dos três países demonstrar liderança e vontade política para preparar o caminho para uma paz duradoura e um desenvolvimento harmonioso na África Central.