O comovente legado de “Tyaroye” de Léopold Sédar Senghor

Neste artigo exploramos o poema “Tyaroye” de Léopold Sédar Senghor, escrito em homenagem aos fuzileiros senegaleses massacrados em Thiaroye. O poema, incluído na coleção “Hóstias Negras”, sublinha a dupla identidade dos soldados africanos como prisioneiros franceses e negros, ao mesmo tempo que questiona a sociedade sobre o seu reconhecimento e tratamento. Senghor, poeta e político empenhado, encarna através dos seus versos uma visão humanista e igualitária, recordando a importância de recordar os sacrifícios dos soldados africanos pela França. Nesta comemoração, a releitura de “Tyaroye” convida-nos a refletir sobre as lições da história para construir um mundo mais justo e unido.
Neste dia 1 de dezembro de 2024, ao comemorarmos o 80º aniversário do massacre de fuzileiros senegaleses em Thiaroye perpetrado pelo exército colonial francês, é essencial olhar para o poema emblemático de Léopold Sédar Senghor, “Tyaroye”, que testemunha isso tragédia e suas repercussões.

É essencial situar este poema em seu contexto histórico e político. Escrito por Senghor em 1944 em Paris, na sequência do massacre dos soldados africanos, este poema faz parte da coleção “Hosties noire”, dedicada aos fuzileiros senegaleses que morreram em combate. O próprio Senghor, veterano e prisioneiro durante a Segunda Guerra Mundial, sentiu o dever de lembrar estes soldados africanos, muitas vezes esquecidos e negligenciados na comemoração da guerra.

O poema “Tyaroye” encarna este desejo de prestar homenagem aos fuzileiros senegaleses, enfatizando o seu duplo estatuto de prisioneiros franceses e negros. Senghor questiona a sociedade francesa sobre o tratamento reservado a estes homens, sobre o seu reconhecimento como soldados plenos, apesar das discriminações e injustiças que enfrentaram.

Para além da sua dimensão política, “Tyaroye” revela também a sensibilidade poética de Senghor. A coleção “Black Hosts” explora a questão da identidade, da memória coletiva e da busca pela igualdade. Os versos de Senghor ressoam como canções de dignidade e resistência, lembrando ao mundo a importância de recordar os sacrifícios dos soldados africanos pela França.

Ao examinar o poema “Tyaroye” à luz da trajetória política de Senghor, vemos uma visão humanista e comprometida, que defende a igualdade e a justiça para todos. Através da sua poesia, Senghor conseguiu transcender fronteiras e conflitos, para promover um ideal de fraternidade universal.

Neste aniversário do massacre de Thiaroye, reler o poema de Senghor é um dever de memória e reflexão. Ao honrar a memória dos fuzileiros senegaleses, fazemos justiça à sua coragem e ao seu sacrifício, ao mesmo tempo que questionamos as lições a retirar desta tragédia para construir um mundo mais justo e unido.

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