80 anos depois do massacre de Thiaroye: um dever de memória e de justiça


EVENTO HISTÓRICO REVELADO: 80 ANOS DEPOIS, COMEMORADO O MASSACRE DE THIAROYE NO SENEGAL

O domingo, 1º de dezembro de 1944, permanecerá gravado na memória do Senegal como uma das páginas mais sombrias da sua história colonial. Nesse dia, as forças armadas francesas abriram fogo contra soldados africanos, principalmente fuzileiros, exigindo o seu pagamento em Thiaroye. Este acto brutal e injustificado deixou uma cicatriz profunda no tecido social do país, deixando para trás perguntas sem resposta e vidas destroçadas.

Hoje, 80 anos depois, o Senegal recorda este trágico acontecimento organizando comemorações para prestar homenagem às vítimas e reafirmar o seu compromisso de nunca esquecer. Cartazes com imagens comoventes inundam as ruas da capital senegalesa, carregando consigo o peso desta dolorosa história.

O empenho das autoridades senegalesas na comemoração deste massacre é mais do que simbólico, é um forte acto político. É um desejo de enfrentar a história, de restabelecer a verdade e de tomar posse da própria memória colectiva. O historiador Mamadou Diouf, presidente da comissão organizadora das comemorações, sublinha a importância deste ato de soberania num contexto em que a França é acusada de tentar apagar este crime da memória coletiva.

O recente reconhecimento pelo Presidente francês Emmanuel Macron da realidade do “massacre” de Thiaroye constitui um primeiro passo crucial em direcção à verdade e à justiça. No entanto, as autoridades senegalesas insistem em obter toda a luz sobre os acontecimentos daquele dia desastroso, especialmente no que diz respeito ao número de vítimas e às circunstâncias exactas do massacre.

Com isto em mente, foi criada uma comissão de historiadores e arquivistas senegaleses para reexaminar os arquivos disponíveis e lançar luz sobre o que realmente aconteceu em Thiaroye. O seu trabalho, meticuloso e essencial, visa restaurar a dignidade das vítimas e fazer justiça à sua memória, destacando a verdade por trás dos números oficiais e das histórias muitas vezes tendenciosas.

A comemoração do 80º aniversário do massacre de Thiaroye é, portanto, um momento crucial na história do Senegal, onde a busca da verdade e da justiça se combina com a necessidade de lembrar e prestar homenagem às vítimas. É um dever moral e histórico do país, mas também um apelo à consciência colectiva para que tais actos nunca se repitam.

Neste dia de comemoração, enquanto o Presidente Emmanuel Macron estará ausente, a importância deste evento ultrapassa as fronteiras nacionais. Espera-se que os líderes da Aliança dos Estados do Sahel, principalmente afectados por serem nações cujos soldados também foram afectados no massacre, sejam representados pelo seu primeiro-ministro. A solidariedade e a fraternidade entre estes países testemunham a importância deste dever partilhado de memória, que transcende as fronteiras políticas e geográficas.

Em conclusão, a comemoração do massacre de Thiaroye é um momento cheio de simbolismo e emoção, uma recordação comovente da trágica história do colonialismo e da luta pela verdade e pela justiça. É um passo em direcção à reconciliação com o passado e um compromisso para um futuro onde tais injustiças nunca mais acontecerão. Assim, o Senegal marca a sua história e a sua identidade, lembrando ao mundo a força da sua memória e a sua resiliência face às adversidades.

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