A crise das falências em França: um impasse económico com graves consequências

Os trabalhadores da ArcelorMittal manifestam a sua insatisfação com o encerramento iminente da fábrica, ilustrando a onda histórica de falências em França. Mais de 66.000 empresas fecharam, especialmente nos sectores da construção e do comércio. O fim das medidas de apoio pós-Covid expõe a fragilidade das empresas a riscos económicos. Apesar das perspectivas sombrias, a solidariedade e a resiliência são essenciais para superar esta crise e relançar a economia francesa.
Trabalhadores da fábrica da ArcelorMittal reuniram-se em frente às portas do seu estabelecimento, em Saint-Brice-Courcelles, perto de Reims, no dia 25 de novembro de 2024, para manifestar a sua insatisfação com a ameaça iminente de encerramento da fábrica. Esta mobilização reflecte a dura realidade enfrentada por muitos trabalhadores em França, enquanto o país enfrenta uma onda histórica de falências empresariais.

Os números publicados recentemente pela Altares pintam um quadro sombrio da situação económica em França: mais de 66.000 empresas fecharam nos últimos 12 meses, marcando um aumento de mais de 20% em comparação com o período anterior. Este valor ultrapassa mesmo os picos de crises como a da dívida na zona euro em 2012 e a dos subprimes em 2009.

Os setores mais afetados por estas falhas são as microempresas e as PME, particularmente em áreas frágeis como a construção, a hotelaria e restauração e o retalho. O aumento dos custos operacionais, alimentado pela inflação, contribui para enfraquecer ainda mais estas empresas já testadas.

Esta onda de falências é, em parte, consequência do pós-Covid-19, onde o Estado implementou medidas de emergência para apoiar as empresas, nomeadamente através do Empréstimo Garantido pelo Estado (PGE). No entanto, estes regimes terminaram em Junho de 2022 e Dezembro de 2023, respectivamente, deixando muitas empresas vulneráveis ​​a altos e baixos económicos, tais como o aumento dos custos da electricidade e dos materiais.

Se estas medidas temporárias permitiram adiar o inevitável para algumas empresas, também alimentaram um efeito “trompe l’oeil”, segundo alguns especialistas. Na realidade, adiaram as dificuldades financeiras, deixando muitas empresas agora confrontadas com prazos de reembolso e encargos cada vez mais pesados.

As conclusões são alarmantes: milhares de empresas estão actualmente ameaçadas em França, com planos de despedimentos, falências e reestruturações em cascata. Atrás das grandes marcas afetadas, centenas de pequenas estruturas encontram-se na linha da frente, arriscando-se, por sua vez, a fechar as portas.

Apesar destas perspectivas sombrias, algumas vozes são tranquilizadoras ao sublinhar que a situação actual, embora preocupante, se insere num contexto de regulação progressiva da economia. As medidas de auxílio iniciais permitiram evitar um enorme muro de falências, mas não podem mascarar para sempre as fragilidades estruturais de certas empresas.

É crucial que as autoridades e os intervenientes económicos trabalhem em conjunto para apoiar e ajudar as empresas em dificuldade, propondo soluções sustentáveis ​​e promovendo a recuperação económica.. A solidariedade e a resiliência serão as chaves para superar esta crise e construir um futuro mais robusto para a economia francesa.

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