Consolidação do controlo militar no Mali: Abdoulaye Maïga nomeado primeiro-ministro

O Mali viu recentemente Abdoulaye Maïga, um membro influente da junta militar, ser nomeado primeiro-ministro, fortalecendo o controlo das forças armadas sobre o governo. A medida segue-se à demissão do primeiro-ministro civil Choguel Maïga, sublinhando o domínio militar no país. Esta nomeação surge num contexto de restrições às liberdades civis e de repressão de vozes dissidentes, pondo em causa o futuro democrático do Mali.
Mali: Abdoulaye Maïga nomeado primeiro-ministro, consolidando o controlo militar

Num cenário político já atormentado, o Mali testemunhou recentemente um novo desenvolvimento importante. Abdoulaye Maïga, um general de 43 anos da junta militar no poder, foi nomeado primeiro-ministro. Esta nomeação, na sequência da demissão do primeiro-ministro civil Choguel Maïga, levou a um maior reforço do controlo militar sobre o país.

Os acontecimentos recentes demonstram claramente a preeminência da facção militar dentro do governo do Mali. Desde os sucessivos golpes de estado de 2020 e 2021, o poder político tem estado firmemente ancorado nas mãos das forças armadas. A demissão de Choguel Maïga surge na sequência das suas críticas abertas à junta, denunciando o atraso na organização das eleições presidenciais, inicialmente previstas para 2024. A sua destituição foi oficializada por um decreto presidencial assinado pelo General Assimi Goïta, líder militar do Mali.

A ascensão de Abdoulaye Maïga ao cargo de primeiro-ministro consolida o controlo militar sobre todos os ramos do governo de transição. Com a presidência, o Conselho Nacional de Transição (agindo como órgão legislativo) e o gabinete do primeiro-ministro agora controlados por militares, o país parece estar a caminhar na direcção de uma governação autoritária.

O General Abdoulaye Maïga ocupou vários cargos importantes na junta, incluindo ministro da administração territorial, porta-voz do governo e vice-primeiro-ministro. A sua estreita relação com Assimi Goïta teve um papel determinante na sua nomeação. Os observadores políticos acreditam que esta escolha reflecte o desejo do Presidente Goita de ter um aliado leal ao seu lado, enquanto o país se prepara para potenciais eleições no próximo ano.

Embora o General Abdoulaye Maïga não tenha estado directamente envolvido no golpe de 2020, a sua rápida ascensão dentro da junta fez dele uma figura de liderança na transição política. Reconhecido pelo seu discurso incisivo, particularmente dirigido à França e à MINUSMA, a missão de manutenção da paz da ONU, também criticou os diplomatas argelinos durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Setembro passado.

Desde que assumiram o poder, os líderes militares do Mali reforçaram o seu controlo sobre o país, suprimindo todas as formas de dissidência e restringindo severamente a liberdade de expressão. Vários políticos e activistas foram presos por criticarem abertamente a junta.

Enquanto o Mali procura reconstruir após anos de instabilidade política, o futuro da transição para um governo civil democraticamente eleito permanece incerto. O crescente controlo dos militares sobre o poder levanta questões sobre a natureza da democracia e da governação no país da África Ocidental.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *