A crise étnica no leste da RDC: O conflito entre o governo e o grupo rebelde M23

O governo congolês acusa o grupo rebelde M23, apoiado pelo Ruanda, de levar a cabo uma campanha de “limpeza étnica” no leste do país. As tensões persistem na região, com mais de 100 grupos armados em conflito pelo controlo de ricos recursos minerais. Apesar do cessar-fogo em Julho, os confrontos continuam, colocando em perigo milhões de pessoas deslocadas. O Ruanda nega o seu envolvimento, mas os especialistas estimam que haja até 4.000 soldados ruandeses na RDC. A situação continua precária e uma resolução duradoura do conflito parece distante.
O governo congolês acusou recentemente o grupo rebelde M23, apoiado pelo Ruanda, de levar a cabo uma campanha de “limpeza étnica” no leste do país. O ministro do Interior, Jacquemain Shabani, denunciou a “chegada massiva de populações estrangeiras” aos territórios de Rutshuru e Masisi, na província de Kivu do Norte, onde os habitantes locais foram alegadamente “expulsos pela violência”. Segundo ele, tais ações constituem uma forma de limpeza étnica.

As tensões no leste da República Democrática do Congo continuam elevadas, com mais de 100 grupos armados a lutar pelo controlo de regiões ricas em minerais perto da fronteira com o Ruanda. O grupo rebelde M23, composto principalmente por tutsis que abandonaram o exército congolês há cerca de dez anos, está no centro deste conflito. Em 2012, os combatentes M23 assumiram o controlo de Goma, a maior cidade do leste do Congo, localizada na fronteira com o Ruanda.

O governo congolês afirma que o Ruanda está envolvido em crimes de guerra no leste do país. Especialistas americanos e das Nações Unidas acusam o Ruanda de apoiar militarmente o M23. Embora o Ruanda negue as acusações, admitiu recentemente ter tropas e sistemas de mísseis no leste do Congo para garantir a sua própria segurança, em resposta a uma acumulação de forças congolesas perto da fronteira. Especialistas da ONU estimam que existam até 4.000 soldados ruandeses presentes na RDC.

Apesar de um cessar-fogo concluído em Julho sob a égide dos Estados Unidos e de Angola, os confrontos entre as forças ruandesas e congolesas continuam. Os combates entre o M23 e outras milícias também persistem, pondo em perigo a vida de milhões de pessoas deslocadas e criando uma das maiores crises humanitárias do mundo, com mais de 7 milhões de deslocados, muitos dos quais estão fora do alcance da ajuda humanitária.

Em Agosto, confrontos entre rebeldes e milícias pró-governo custaram a vida a 16 aldeões, violando o cessar-fogo. A situação continua precária no leste da RDC e uma resolução duradoura do conflito ainda parece distante.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *