O recente anúncio da decisão do Presidente dos EUA, Joe Biden, de permitir que a Ucrânia utilize mísseis de longo alcance dos EUA contra a Rússia segue um padrão familiar de recusa inicial seguida de aprovação posterior. Essa aprovação geralmente ocorre justamente quando o pedido parece ter sido rejeitado.
A Ucrânia solicitou acesso a equipamentos como mísseis HIMARS, tanques Abrams e F16, mas a aprovação destes pedidos demorou algum tempo. Um dos pontos de interrogação é se o uso de ATACMS, mísseis americanos, irá realmente fazer a diferença no ataque a alvos no coração da Rússia.
A situação é complexa e pode explicar em parte a relutância da administração Biden em concordar. Por um lado, existe uma oferta limitada de ATACMS que a Ucrânia pode obter. Embora estes mísseis tenham um alcance maior, de até 100 km, a sua disponibilidade não mudará drasticamente a situação no campo de batalha.
Além disso, a Ucrânia conseguiu penetrar profundamente na Rússia utilizando drones mais baratos e fabricados localmente. Os Estados Unidos comprometeram-se a ajudar a financiar estes dispositivos, que já causaram danos significativos à infra-estrutura energética russa e aos aeroportos de Moscovo.
É também importante notar que a utilização de mísseis de precisão dos EUA para atacar profundamente a Rússia pode ser vista como uma provocação. Embora a Rússia esteja actualmente militarmente enfraquecida e seja improvável que procure um grande conflito com a NATO ou os Estados Unidos, é provável que o Kremlin procure restaurar a sua capacidade de dissuasão em algum momento.
Em última análise, a decisão da Casa Branca de permitir a utilização destes mísseis de longo alcance foi cuidadosamente ponderada. O potencial de danos colaterais civis nos países membros da OTAN no caso de retaliação russa foi um factor chave nesta decisão.
A aprovação também visa reforçar o compromisso dos Estados Unidos com a guerra na Ucrânia e mostrar que o país leva a situação muito a sério. O envio de tropas norte-coreanas para Kursk foi um gatilho para esta decisão, vista como uma resposta à escalada da Rússia.
Em suma, esta decisão significa uma escalada num conflito complexo. O envolvimento de vários intervenientes estratégicos a nível global, como a Coreia do Norte, sublinha a dimensão cada vez mais global desta guerra para os Estados Unidos e os seus aliados.
Esta decisão terá grandes repercussões no panorama geopolítico e no equilíbrio de forças presentes. Será fundamental acompanhar de perto a evolução da situação e as respostas que esta poderá provocar por parte das diferentes partes envolvidas.