**Fatshimetrie: A face oculta da mineração na República Democrática do Congo**
A mineração na República Democrática do Congo é uma actividade económica crucial para o país, mas o seu impacto nas populações locais levanta grandes preocupações em termos de desenvolvimento sustentável. Um estudo recente do Carter Center, intitulado “Livro Branco sobre as especificações das empresas mineiras na RD Congo”, destaca uma realidade alarmante: a taxa de assinatura de especificações permanece muito abaixo das expectativas, colocando assim sérias questões sobre a equidade e a sustentabilidade destas práticas.
Dos 402 cadernos de encargos previstos entre 2018 e 2024, apenas 71 foram efetivamente assinados, evidenciando assim uma taxa de cumprimento de apenas 18%. Este número reflecte uma lacuna significativa no compromisso das empresas mineiras em respeitar as necessidades e os direitos das comunidades afectadas pelas suas actividades. Além disso, os orçamentos atribuídos a estas especificações são, em média, irrisórios, representando apenas 0,2% do volume de negócios das empresas em causa.
O estudo do Carter Center também destaca a assimetria de informação entre as populações locais e as empresas mineiras. Esta falta de transparência e comunicação contribui para um clima de desconfiança e incerteza relativamente aos compromissos assumidos por estas empresas. Da mesma forma, a falta de uma cultura de investimento sustentável entre alguns deles, bem como a ausência de vontade política estão na origem desta situação preocupante.
É crucial que as autoridades políticas e os intervenientes no sector mineiro tomem consciência da urgência da situação. É imperativo reforçar a regulação e monitorização das especificações, garantindo que as mesmas são efectivamente respeitadas e que os orçamentos atribuídos são suficientes para garantir um verdadeiro desenvolvimento sustentável às populações locais. A responsabilidade social corporativa não pode ser um simples slogan, deve traduzir-se em ações concretas e significativas em favor das comunidades impactadas.
Em última análise, a “Fatshimetria”, esta realidade complexa e muitas vezes esquecida por detrás do brilhantismo das actividades mineiras, deve ser abordada com urgência e responsabilidade. As questões socioeconómicas e ambientais são demasiado importantes para serem negligenciadas e é imperativo agir agora para garantir um futuro sustentável para todos os intervenientes envolvidos neste sector crucial da economia congolesa.