No centro das notícias económicas está uma profunda reflexão sobre o impacto da venda de activos estatais na economia. A questão levantada é a da transparência e da necessidade de atrair investidores estrangeiros num contexto global de volatilidade financeira.
Certamente, é legítimo questionar os termos destas transacções, especialmente se parecerem opacos. Contudo, a propagação de teorias conspiratórias para explicar cada venda de bens públicos e o clima de hostilidade aos investimentos estrangeiros são atitudes que enfraquecem a atratividade do país para potenciais investidores.
Na verdade, um ambiente tão hostil desencoraja os investimentos directos a longo prazo, o que pesa no desenvolvimento económico do país. Os riscos de nacionalização ou confisco de investimentos sob pressão pública tornam os investidores estrangeiros cautelosos, exigindo assim retornos mais elevados.
Num contexto internacional marcado por aumentos nos custos de capital, choques de oferta, questões climáticas e convulsões geopolíticas, o Egipto, envolvido numa política monetária rigorosa para conter a inflação, não pode permitir-se aumentar os custos de financiamento dos seus projectos de desenvolvimento.
É essencial reconhecer que a transparência na venda de ações de empresas públicas pode assumir diversas formas, exigindo por vezes alguma confidencialidade para preservar o valor das ações e evitar interferências externas durante as negociações.
Uma vez alcançados os acordos, a divulgação de detalhes é crucial para garantir a responsabilização e a supervisão pública. Cada cidadão deve ser capaz de garantir que a transação seja justa, atenda aos objetivos de desempenho e valorize melhor os ativos envolvidos.
De salientar que a venda de empresas rentáveis não é necessariamente prejudicial ao Estado, pois pode promover eficiência, rentabilidade, recapitalização de empresas, criação de emprego e melhoria da competitividade para exportação.
Em última análise, o papel do Estado como proprietário precisa ser examinado de perto. A gestão pública possui limites intrínsecos ligados à ausência de incentivos ao lucro e à concorrência, o que prejudica a produtividade e a eficiência.
É essencial dissipar o mito de que a privatização tem sucesso quando a gestão é transferida para o sector privado, mantendo ao mesmo tempo a propriedade pública. Esta abordagem levou muitas vezes ao fracasso de numerosos projectos de transferência, dificultando o desenvolvimento do sector privado.
Em conclusão, um ambiente de investimento favorável, baseado na transparência, na protecção dos interesses dos investidores e na promoção da eficiência económica, é essencial para estimular o crescimento e garantir o desenvolvimento sustentável.. O Egipto, como muitos outros países, deve navegar sabiamente nas águas complexas da economia global para garantir um futuro próspero aos seus cidadãos.