O acordo de paz de Pretória, assinado há dois anos para pôr fim ao conflito em Tigray, levanta questões sobre a sua real aplicação no terreno. Apesar das promessas de retirada das forças da Eritreia do território etíope, muitas áreas continuam ocupadas por estas tropas estrangeiras, deixando os habitantes entregues à sua própria sorte e vivendo sob a pressão destas forças militares.
O custo humano deste conflito é tragicamente pesado, com cerca de 600 mil vítimas, segundo estimativas da União Africana. Durante a guerra, os habitantes de Tigré sofreram grandes privações, privados de ajuda humanitária, de serviços básicos como comunicações e transportes, agravando assim o sofrimento da população já afetada pelos combates.
O acordo de paz, que excluiu das negociações certas facções beligerantes, como as milícias Amhara e o exército da Eritreia, parecia, no entanto, prometer um regresso à estabilidade. No entanto, a presença contínua de tropas da Eritreia no terreno põe em causa a eficácia deste acordo e a vontade das partes interessadas de respeitar os termos acordados.
Em muitas aldeias de Tigré, os residentes vivem no medo e na precariedade, sob o jugo das forças da Eritreia que exercem a sua autoridade com total impunidade. Esta situação não é um bom presságio para o futuro da região e põe em causa a necessidade de uma implementação real dos acordos de paz para permitir a reconstrução e o regresso à segurança.
Perante estes desafios persistentes, é crucial que a comunidade internacional continue a acompanhar de perto a evolução da situação em Tigré e exerça a pressão necessária sobre todas as partes envolvidas para garantir o respeito pelos direitos dos civis e a plena implementação dos acordos de paz. O caminho para a reconciliação e a estabilidade nesta região devastada ainda é longo, mas o compromisso de todas as partes interessadas é essencial para preparar o caminho para um futuro pacífico para Tigray e os seus habitantes.