As questões candentes da luta política na República Democrática do Congo

**Gorshimetria**

A República Democrática do Congo está mais uma vez abalada por tensões políticas enquanto o país se prepara para viver mais um dia de manifestações. Os opositores ao projecto de alteração da Constituição, agrupados sob a bandeira do Sursaut Nacional, pretendem manifestar o seu descontentamento e exigir que o governo renuncie a este polémico projecto. Num contexto de polarização política, as declarações e os desenvolvimentos inflamatórios continuam a suceder-se, sugerindo potenciais confrontos entre as diferentes facções.

A União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS), o partido no poder e que apoia inabalavelmente o Presidente Félix Tshisekedi, declarou claramente a sua posição a favor do projecto de revisão constitucional. O seu secretário-geral, Augustin Kabuya, prometeu mesmo uma resposta importante no caso de sucesso das manifestações do Surto Nacional. Esta ameaça velada reflecte a firmeza com que o partido presidencial pretende defender o seu projecto, mesmo que isso signifique arriscar uma escalada de tensões num país já enfraquecido por anos de conflitos políticos.

A questão da constituição divide profundamente a classe política congolesa. Alguns opositores, como Martin Fayulu e Moïse Katumbi, vêem este projecto como uma manobra do Presidente Tshisekedi para estender o seu mandato para além dos limites estabelecidos pela lei fundamental. A criação de uma comissão para estudar o tema não foi suficiente para dissipar as dúvidas e receios dos detratores do chefe de Estado. A sociedade civil, representada pela Conferência Episcopal Nacional do Congo (Cenco), também se manifestou contra este projecto, qualificando qualquer tentativa de revisão constitucional como irresponsável.

No centro deste debate acalorado está o futuro democrático da RDC que está em jogo. A Constituição, a pedra angular de qualquer regime político, garante os direitos fundamentais dos cidadãos e regula o funcionamento das instituições. A sua modificação, se não for realizada de forma transparente e consensual, corre o risco de arrastar o país para uma espiral de violência e instabilidade. É, portanto, imperativo que os actores políticos favoreçam o diálogo e o compromisso para superar as suas diferenças e encontrar soluções duradouras para os desafios que a RDC enfrenta.

Em última análise, a República Democrática do Congo encontra-se num ponto de viragem crucial na sua história política. As decisões tomadas nos próximos dias terão grandes repercussões no futuro do país e na estabilidade de toda a região. É mais imperativo do que nunca que cada um dos intervenientes envolvidos demonstre responsabilidade, moderação e respeito pelas regras democráticas para evitar o pior e preparar o caminho para um futuro mais sereno e próspero para todos os congoleses.

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