O surgimento e a proliferação de igrejas na República Democrática do Congo estão a suscitar debates acesos na sociedade e nas autoridades. A questão da liberdade religiosa enfrenta assim grandes desafios, em particular a necessidade de garantir uma supervisão eficaz deste sector em expansão.
No centro das discussões, a correlação entre o fenómeno da criação de igrejas e o contexto socioeconómico do país parece ser um elemento central. Na verdade, vários especialistas destacam a ligação entre o elevado desemprego e a criação de igrejas oportunistas destinadas a beneficiar das ofertas dos fiéis. Esta tendência para a multiplicação de locais de culto parece também ser favorecida pela falta de regulamentação e controlo na concessão de autorizações religiosas.
Perante esta situação, levantam-se vozes para exigir medidas mais rigorosas por parte das autoridades. O Arcebispo Evariste Ejiba Jamapia, representante legal da Igreja do Reavivamento do Congo, defende uma ação governamental destinada a estimular a criação de empregos, a fim de conter a proliferação anárquica de igrejas. Esta proposta levanta uma questão essencial: como conciliar a liberdade religiosa com a necessidade de regular um sector em expansão?
As recentes iniciativas tomadas pelo Ministério da Justiça e pelo Keeper of the Seals para regular este fenómeno, como a obrigação de obter uma licença de culto antes de qualquer instalação de uma igreja, marcam um primeiro passo no caminho para uma regulamentação mais rigorosa. No entanto, permanecem desafios relativamente à implementação concreta destas medidas e à coordenação dos diferentes intervenientes no sector religioso.
Ao mesmo tempo, a sociedade civil e os académicos, como o Professor Michel Bisa, apelam ao reforço da reflexão em torno da governação do sector religioso na RDC. A criação de órgãos de consulta e monitorização, como um Observatório de Governação, poderia constituir uma via interessante para garantir uma regulamentação eficaz que respeite as liberdades fundamentais.
Em última análise, a questão da proliferação de igrejas na RDC destaca questões complexas que combinam a liberdade individual, a dimensão económica e os imperativos regulamentares. Uma abordagem equilibrada, que combine a consulta entre as partes interessadas e ações governamentais específicas, parece essencial para garantir um quadro estável que respeite a diversidade de crenças no país.