No coração da República Democrática do Congo, na comuna de Matete, as ruas Tshilombo e Lunionzo são alvo de uma polémica sem precedentes. De acordo com um relatório recente do Centro de Investigação em Finanças Públicas e Desenvolvimento Local (CREFDL), o governo destinou até 3 milhões de dólares para projectos de infra-estruturas que se revelaram estradas fantasmas.
Os habitantes de Matete são categóricos: Tshilombo é apenas uma paragem de autocarro e Lunionzo o nome de um hospital. Estas revelações destacam práticas de financiamento suspeitas para projetos inexistentes, bem como casos de dupla adjudicação de contratos a diferentes prestadores de serviços para o mesmo projeto.
Diante dessas acusações, o diretor do Escritório de Estradas e Drenagem (OVD), Victor Tumba Tshikela, defende a existência das polêmicas avenidas no contrato do Consórcio ABC. Segundo ele, Tshilombo e Lunionzo estão efectivamente localizados no distrito de Malandi, em Matete, contrariando assim as conclusões do CREFDL.
A reacção dos actores envolvidos nesta questão é diametralmente oposta: por um lado, o CREFDL aponta o dedo a alegados desvios de fundos, por outro, o OVD insiste que o relatório está repleto de erros e números imprecisos. Esta controvérsia revela falhas na gestão de fundos públicos e projectos de infra-estruturas na República Democrática do Congo.
Para Valery Madianga, directora-geral do CREFDL, a transparência e a responsabilização devem estar no centro das acções governamentais para evitar tais escândalos no futuro. Augustin Mulumba, deputado nacional e executivo da UDPS, apela a uma investigação aprofundada para elucidar estas suspeitas de peculato.
Quanto ao Dr. Julius Elumba, formador especialista em planeamento e gestão de projectos, compras públicas e privadas, sublinha a importância de uma melhor supervisão dos projectos de infra-estruturas para garantir a utilização adequada dos fundos públicos e evitar abusos.
Em última análise, este caso das estradas fantasmas de Matete levanta questões cruciais sobre a gestão de fundos públicos e apela a uma maior vigilância para evitar qualquer apropriação indevida de fundos no futuro. É necessário esclarecer estas práticas questionáveis, a fim de garantir o desenvolvimento e o bem-estar dos cidadãos congoleses.