Polêmica literária na 27ª feira do livro de Argel


A 27ª feira internacional do livro em Argel abriu recentemente as portas para uma nova edição promissora, reunindo mais de mil editoras de 40 países para apresentar um impressionante catálogo de mais de 300.000 livros. Este evento imperdível no cenário literário despertou o entusiasmo dos amantes da leitura e destacou obras diversas e cativantes.

O acontecimento foi, no entanto, marcado pela polémica em torno do romance “Houris”, do escritor Kamel Daoud, cuja publicação foi proibida na Argélia devido ao tratamento que dá à violência da “década negra”. Esta proibição suscitou reacções diversas entre os visitantes da mostra, tendo alguns manifestado o seu desacordo com a censura que, segundo eles, dificulta a liberdade de ler e formar a própria opinião.

Por um lado, encontramos vozes como a da escritora Samia Chabane, que defende a livre circulação de ideias e denuncia todas as formas de censura. Para ela, a leitura é uma ferramenta valiosa para compreender e interpretar o mundo que nos rodeia, e privar os leitores de uma obra como “Houris” equivale a restringir a sua capacidade de formar uma opinião informada.

Por outro lado, ouvem-se vozes mais matizadas, como a do cirurgião Makdoud Oulaid, que sublinha as possíveis implicações políticas na atribuição de Goncourt a Kamel Daoud. A polémica em torno do escritor, em particular a sua suposta proximidade com o Presidente francês Emmanuel Macron, lançou uma sombra sobre o reconhecimento literário do autor, questionando assim os critérios de atribuição deste prestigiado prémio.

Para além da polémica, a feira internacional do livro de Argel continua a ser um evento importante para a promoção da literatura e da cultura na Argélia. Editores, autores e entusiastas se reúnem para trocar ideias, descobrir novas obras e celebrar o poder das palavras. Apesar das tensões e diferenças, este evento testemunha a vitalidade e a riqueza da paisagem literária na Argélia, ao mesmo tempo que levanta questões essenciais sobre a liberdade de expressão e o lugar da literatura na sociedade contemporânea.

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