Fatshimetrie, 9 de novembro de 2024 – No âmbito de uma tese de doutorado apresentada na Universidade Pedagógica Nacional (UPN) de Kinshasa, foi realizado um estudo aprofundado sobre os empréstimos latinos do grego e certas palavras gramaticalizadas nos primeiros cinco livros de “O Cidade de Deus” de Santo Agostinho. Esta investigação, liderada por Mpadi Lumbika, líder do projeto, destacou a importância dos intercâmbios linguísticos e culturais entre o latim e o grego, duas línguas essenciais da época.
O latim, como língua indo-europeia, ocupou um lugar de destaque durante séculos como a língua dominante do Império Romano. Antes da queda desta grande potência, o latim absorveu muitas palavras e expressões do grego e de outras línguas da época. Esta fusão linguística enriqueceu o vocabulário latino e testemunha as interações culturais dentro do Império Romano.
O estudo abordou em duas partes a integração e evolução dos empréstimos latinos do grego. A primeira parte centrou-se nos aspectos fonológicos e morfológicos destes empréstimos, destacando as mudanças e adaptações linguísticas que acompanharam a sua integração na língua latina.
É inegável que a linguagem, como elemento central da vida social e humana, evolui constantemente através de empréstimos e intercâmbios culturais. O Império Romano, através do seu alcance geográfico e das suas trocas comerciais, facilitou as interações linguísticas entre o latim e o grego, contribuindo assim para o enriquecimento mútuo destas duas línguas.
A “Cidade de Deus” de Santo Agostinho, escrita entre 412 e 426 dC, é uma obra emblemática que testemunha a fusão entre a cultura romana e o pensamento cristão. Em resposta aos ataques dos pagãos contra os cristãos, Santo Agostinho desenvolveu uma reflexão profunda sobre a relação entre Deus e a cidade terrena, tornando a sua obra um pilar da literatura latina.
Esta tese, orientada pelo Professor Jean-Baptiste Nsuka, valeu ao seu autor o grau de doutor em Letras e Civilizações Latinas com “grande distinção”, sublinhando assim a qualidade e o rigor da sua investigação. Destaca a importância dos empréstimos linguísticos e culturais na evolução das línguas e das sociedades, oferecendo um novo olhar sobre as influências mútuas que moldaram a paisagem linguística da Antiguidade.