No panorama do mundo do trabalho em França, persiste uma realidade alarmante: as desigualdades salariais entre mulheres e homens. A observação é clara: as mulheres passam simbolicamente a “trabalhar de graça” a partir das 16h48 do dia 8 de novembro, até o final do ano. Estes dados, retirados de estatísticas europeias sobre as disparidades salariais entre homens e mulheres em França, revelam uma disparidade média de 13,9% em desvantagem para as mulheres em comparação com os homens.
Não há como negar que foram feitos progressos desde 2021, quando a disparidade salarial era de 15,4%. No entanto, esta ligeira melhoria continua aquém das expectativas, como aponta Rebecca Amsellem, fundadora da newsletter feminista “Les Glorieuses”. Segundo ela, é imperativo inspirar-se nos países líderes em termos de igualdade salarial, como a Suécia, a Islândia e a Espanha, que já implementaram medidas eficazes para reduzir as disparidades salariais.
Entre as soluções recomendadas pelo relatório “Glorieuses”, a promoção da licença parental partilhada, seguindo o exemplo da Suécia, é apresentada como uma via séria. Da mesma forma, o aumento dos salários em áreas dominadas pelas mulheres, como a saúde, a educação e os cuidados, tal como praticado na Nova Zelândia, poderia ajudar a corrigir os desequilíbrios.
A Islândia introduziu uma política vinculativa para as empresas, exigindo-lhes que apresentem planos de acção concretos a favor da igualdade de remuneração. Por seu lado, Espanha favorece o trabalho flexível para promover a igualdade de género no local de trabalho. Estes exemplos demonstram que é possível adotar medidas eficazes para reduzir as desigualdades salariais e promover salários justos para todos.
Em última análise, a transparência salarial parece ser um pré-requisito essencial para o estabelecimento de políticas eficazes a favor da igualdade salarial. Ao inspirar-se nas boas práticas de países que promoveram a causa da igualdade de género, a França tem a oportunidade de implementar ações concretas para garantir um tratamento justo aos trabalhadores de todos os géneros. É chegada a hora de passar da consciência à ação, para construir um futuro profissional baseado na equidade e na justiça remuneratória.