Fatshimetrie – Revelação de um escândalo: jogos de poder e laços familiares no Equador
No Equador, as redes de poder estão muitas vezes estreitamente ligadas aos laços familiares, criando um clima propício ao abuso e à influência política. O recente caso envolvendo Baltasar Ebang Engonga, apelidado de “chefe do crime financeiro” do Equador, levanta questões críticas sobre a governação do país. Como chefe da Agência Nacional de Investigação Financeira (ANIF), Engonga é responsável pela investigação de crimes financeiros, incluindo corrupção e branqueamento de capitais, questões que têm assolado o país e atraído a atenção internacional.
No entanto, o alegado envolvimento de Engonga num escândalo envolvendo vídeos comprometedores com membros da elite da Guiné Equatorial muda a situação de uma simples questão de desvio financeiro para uma questão de ética e responsabilidade pessoal. Este escândalo causou muito barulho, porque Engonga não é apenas um alto funcionário público, está ligado à família do Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo. Os relatórios sugerem que ele está envolvido com a irmã do presidente, levantando sérias questões éticas que vão além do pessoal para explorar como estas relações influenciam a governação.
Fatshimetria
A estreita ligação entre poder e privilégio e as controvérsias que daí decorrem
No Equador, a riqueza e os privilégios há muito protegem as elites das consequências que o cidadão médio teria enfrentado. O caso Engonga destaca como os laços familiares e a influência política protegem frequentemente aqueles que estão no poder. Os escândalos dentro deste círculo raramente são publicitados e as medidas de responsabilização permanecem frequentemente internas, geridas dentro das mesmas redes que mantêm o poder.
Se o público está naturalmente fascinado pelos detalhes sórdidos do caso, a verdadeira questão reside na capacidade de tais escândalos perturbarem este círculo fechado. Durante décadas, o governo foi dominado por laços e alianças familiares estreitas, com funcionários de alto escalão a operar frequentemente de acordo com as suas próprias regras. Quando surgem escândalos, reflectem um problema mais profundo – um problema em que aqueles que detêm o poder também têm autoridade para ignorar, minimizar ou ignorar as falhas. Este escândalo poderá ser um ponto de viragem, chamando a atenção para a necessidade de uma verdadeira responsabilização num país onde o estatuto familiar muitas vezes supera o Estado de direito.
Desafios de investigar elites
Um detalhe marcante do papel de Engonga no governo é a sua posição de liderança dentro da agência encarregada de combater o crime financeiro.. A ANIF foi criada para promover a transparência e garantir a responsabilização financeira, mas com o próprio Engonga envolvido num escândalo, isto levanta preocupações sobre a verdadeira objectividade das investigações no país. Em outras palavras, quem monitora os supervisores? Como pode a corrupção ser eficazmente combatida se os próprios responsáveis pela sua luta estão envolvidos em escândalos?
Esta questão realça a falta de mecanismos de responsabilização verdadeiramente implementados. Os laços de Engonga com a família presidencial acrescentam outra dimensão a esta questão, sugerindo que a vigilância é selectiva e as consequências não são aplicadas de forma igual. O caso também destaca o risco muitas vezes ignorado do poder centralizado: quando demasiada autoridade é atribuída a poucos, esses indivíduos podem sair do controlo ou mesmo agir acima da lei.
As consequências destes escândalos para a população
Embora os escândalos das elites possam ser cativantes de assistir à distância, as suas implicações são significativas para os cidadãos do Equador. A confiança pública nas agências governamentais, especialmente naquelas encarregadas de aplicar políticas anticorrupção, diminui quando os altos funcionários parecem agir sem receio das consequências. Os escândalos que envolvem o abuso de poder para ganhos pessoais ou familiares realçam até que ponto a corrupção afecta a vida quotidiana. Não é apenas um assunto de família; é uma preocupação pública que fala da força (ou falta dela) da governação do país.
Será este o início da responsabilidade?
Em países onde o poder é detido por uns poucos privilegiados, às vezes é necessário um escândalo retumbante para desencadear reformas. Será que o escândalo Engonga marcará uma mudança na forma como o Equador aborda as falhas nas suas fileiras? As probabilidades podem não favorecer uma mudança imediata, mas à medida que surgem novos detalhes e a pressão pública aumenta, poderemos assistir a pedidos crescentes de transparência e responsabilização.