“Esta segunda-feira, na Assembleia Nacional, ocorreu um momento particularmente marcante: a aprovação, com os votos da esquerda, de uma versão totalmente revista da parte “receitas” do orçamento da Segurança Social para 2025, um acontecimento de importância capital que provocou. reações contrastantes e marcou uma viragem significativa no cenário político francês.
Este texto alterado, que prevê aumentos das contribuições até 17 a 20 mil milhões de euros segundo os deputados, foi aprovado em primeira leitura por 126 votos “a favor” contra 98 “contra”. Uma vitória da esquerda que imediatamente se regozijou com este sucesso, vendo nesta votação uma nova derrota para o Presidente Emmanuel Macron e o seu governo.
Num comunicado de imprensa, o grupo LFI saudou esta votação “incrível”, chamando-a de um fracasso para o governo em vigor. Por seu lado, os representantes do Comício Nacional, embora se opusessem em substância a determinadas medidas, optaram pela abstenção para não comprometer a continuação dos debates. Uma escolha estratégica que sublinha a importância das questões actuais.
A noite então viu os deputados começarem a examinar a parte “despesas” do texto. Foram tomadas decisões cruciais, como restringir o reembolso de testes Covid sem receita médica ou a remoção de um controverso sistema governamental ligado ao reembolso de determinados procedimentos médicos. Contudo, com mais de 500 alterações ainda a aguardar revisão, o tempo está a esgotar-se.
Perante esta situação, o deputado do PS Jérôme Guedj defendeu uma reorganização da ordem dos debates, destacando os pontos mais polémicos do projeto de lei. Uma abordagem que visa assegurar um debate informado e aprofundado sobre questões essenciais como o congelamento das pensões de reforma.
A aprovação das receitas pela esquerda foi descrita como uma surpresa por muitos observadores, em particular devido à oposição na Comissão dos Assuntos Sociais. Esta decisão, que visa aumentar as contribuições sobre determinados rendimentos, ilustra claramente as actuais diferenças políticas e o peso das questões orçamentais.
Os novos impostos e contribuições aprovados pelos deputados provocaram reações contrastantes na classe política. Se a esquerda saudou a reforma do “imposto sobre os refrigerantes”, alguns membros da coligação governamental criticaram um texto esvaziado de sentido, acreditando que afectava mais as classes médias do que os ricos.
O dia terminou com uma vitória simbólica da esquerda na delicada questão da reforma das pensões. Foram adotadas alterações para inverter o aumento da idade legal de reforma, marcando um primeiro passo significativo neste debate complexo.
Apesar destes avanços, é importante lembrar que estas votações não são definitivas, tendo o projeto ainda passado por inúmeras etapas antes de ser aprovado. A provável utilização do artigo 49.3 pelo governo sublinha as tensões persistentes em torno deste assunto crucial para o futuro da Segurança Social em França.
Concluindo, este dia na Assembleia Nacional foi cheio de reviravoltas, destacando as divisões políticas e questões estratégicas que impulsionam o debate em torno do orçamento da Segurança Social. Um momento importante na vida política francesa que exige uma reflexão profunda sobre as escolhas e rumos a tomar para garantir um sistema de proteção social sólido e equitativo para todos.”