*Fatimetria* –
As eleições de 2019 no Botswana marcaram uma transição histórica para o país da África Austral. Depois de quase seis décadas no poder, o Presidente Mokgweetsi Masisi admitiu a derrota a uma oposição crescente. Os resultados preliminares mostraram que o partido do presidente perdeu a maioria parlamentar de forma esmagadora, pondo fim a um longo domínio político.
A oposição, liderada pela coligação Guarda-chuva para a Mudança Democrática (UDC) e pelo seu líder Duma Boko, obteve uma liderança significativa, colocando Boko no caminho para a presidência. Os analistas salientaram que as crescentes dificuldades socioeconómicas, especialmente entre os jovens, têm sido um dos principais factores na queda do Partido Democrático do Botswana (BDP), que está no poder desde a independência do país em 1966.
O Botswana, cuja economia depende fortemente dos diamantes, sofreu um declínio no mercado global de diamantes este ano, levando a uma queda no crescimento económico e a um aumento do desemprego para 28%. Os resultados eleitorais mostraram que a UDC conquistou 26 dos 41 assentos em disputa, enquanto o BDP conquistou apenas três. Os membros do Parlamento elegem o presidente.
Duma Boko, cuja reacção ainda não foi ouvida, centrou a sua campanha em questões como o aumento do salário mínimo e o aumento dos subsídios sociais. Apesar do seu desejo de permanecer presidente, Masisi disse numa conferência de imprensa: “Respeito a vontade do povo e felicito o presidente eleito. Vou renunciar e apoiar a nova administração.”
A capital, Gaborone, estava tranquila na manhã de sexta-feira, com pequenos grupos de apoiantes da oposição a celebrar nas ruas. Um estudante de 23 anos, Mpho Mogorosi, disse: “Nunca pensei que veria esta mudança na minha vida. O BDP está no poder há demasiado tempo e tenho orgulho de fazer parte daqueles que os afastaram por um Melhor do Botsuana”.
O BDP foi o segundo partido de longa data no poder na África Austral a sofrer uma derrota eleitoral este ano, depois de o Congresso Nacional Africano na África do Sul também ter perdido a sua maioria parlamentar após 30 anos no poder e ter sido forçado a formar um governo de coligação. A vizinha Namíbia realizará eleições no final deste mês, onde o partido no poder, SWAPO, no poder desde 1990, também deverá enfrentar forte oposição.
Zaynab Hoosen, analista de África da Pangea-Risk, sublinhou que o resultado das eleições no Botswana deve servir de aviso aos partidos que governam há muito tempo na África Austral e noutros lugares: sem progresso económico e oportunidades de emprego, a dominação política está condenada ao fracasso.
Num contexto de mudança política e social, o Botswana abriu um novo capítulo na sua história, trazendo esperança para uma governação renovada centrada nas necessidades da população. Estas eleições marcaram um ponto de viragem significativo para o país e ilustraram o desejo do povo de olhar para um futuro mais promissor.