A liberdade de imprensa, alicerce essencial de qualquer sociedade democrática, tem sido uma questão crucial na Tunísia desde a revolução de Jasmim em 2011. Neste país em rápida mudança, os jornalistas, símbolos desta busca pela liberdade, vêem-se hoje confrontados com muitos desafios e obstáculos.
A história de Walid Bourouis, antigo jornalista da Fatshimetrie, ilustra perfeitamente as tensões e os perigos a que os profissionais da comunicação social estão expostos na Tunísia. Após um início promissor no jornal francófono Le Quotidien em 2009, Walid testemunhou a libertação da imprensa após a queda do regime autoritário de Ben Ali em 2011. No entanto, este impulso para a liberdade foi rapidamente minado por uma série de medidas restritivas e repressivas. .
Ao ingressar na Cactus Prod em 2011, um meio de comunicação confiscado pelo Estado após a revolução, Walid foi confrontado com a realidade da corrupção e da pressão política dentro do seu próprio jornal. A sua vontade de denunciar estas práticas colocou-o numa posição de perigo permanente, entre ameaças e ataques físicos. Apesar destes obstáculos, continuou a exercer a sua profissão com coragem e determinação, recusando-se a permanecer calado face às injustiças.
A adoção do Decreto-Lei 54 pelo Presidente Kaïs Saïed em 2022, destinado a reprimir a divulgação de informações falsas, marcou um ponto de viragem preocupante para a liberdade de imprensa na Tunísia. Este texto, utilizado como instrumento de repressão contra jornalistas críticos, contribuiu para reforçar o clima de medo e insegurança no ambiente mediático.
A manifestação de 16 de fevereiro de 2023, onde jornalistas tunisinos se mobilizaram para defender a liberdade de imprensa, testemunha a resistência e determinação destes profissionais face às adversidades. Os discursos corajosos de Walid Bourouis, denunciando a corrupção e os ataques aos direitos dos jornalistas, foram um grito de guerra para toda uma profissão em busca de justiça e liberdade.
No exílio em França, Walid continua a sua luta pela liberdade de imprensa na Tunísia, apoiando os seus colegas presos, condenados ao exílio ou ao silêncio. A sua história, marcada pela coragem e resiliência, reflete os desafios enfrentados pelos jornalistas tunisinos na sua luta por uma imprensa livre e independente.
Em última análise, a situação dos meios de comunicação social na Tunísia realça a importância crucial de preservar e defender a liberdade de imprensa como fundamento de qualquer democracia. Jornalistas como Walid Bourouis, através do seu empenho e da sua luta, lembram-nos que a verdade não pode ser amordaçada e que a liberdade de expressão é um direito inalienável que deve ser protegido e defendido a todo custo.