A indústria do cacau passou recentemente por um período de turbulência marcado por um aumento dramático dos preços nos mercados globais. Este aumento nos preços deve-se principalmente a um colapso nas colheitas no Gana e na Costa do Marfim, os dois principais países produtores. As alterações climáticas tiveram um impacto significativo nas colheitas, levando à escassez de cacau no mercado.
Esta situação repercutiu em toda a cadeia produtiva, desde os plantadores até os fabricantes e cooperativas. Embora os agricultores tenham conseguido beneficiar de preços mais elevados, as cooperativas têm por vezes sido incapazes de acompanhar o ritmo, confrontadas com a concorrência feroz dos grandes intervenientes industriais.
Em busca de novas fontes de abastecimento, os fabricantes recorreram a outras regiões produtoras, como o Equador, terceiro maior produtor de cacau do mundo. Esta corrida por novos fornecedores exacerbou a pressão sobre as cooperativas locais, que se viram confrontadas com uma concorrência desleal.
A feira do chocolate em Paris foi palco de encontros entre jornalistas e players do setor. Victor Yanangomez, presidente da Fapecafés, cooperativa de produtores orgânicos do Equador, falou das dificuldades encontradas: “Muitos produtores preferiram vender suas colheitas para multinacionais, atraídos por preços mais atrativos. Esta situação levou a uma queda significativa nos volumes entregues à cooperativa. »
As cooperativas locais, como a presidida por Aristide Tchemtchoua nos Camarões, tiveram de rever a sua estratégia para reter os agricultores. Ao oferecer preços ligeiramente acima do mercado, conseguiram atrair novamente os produtores que os haviam abandonado. Esta política de preços permitiu melhorar a colaboração entre agricultores e cooperativas, com perspectivas de colheitas mais estáveis no futuro.
Em conclusão, o aumento dos preços do cacau nos mercados globais destacou os desafios enfrentados pelos intervenientes da indústria. As cooperativas tiveram de se adaptar para resistir à concorrência das multinacionais, enquanto os proprietários procuravam maximizar os seus rendimentos. Encontrar o equilíbrio na cadeia de abastecimento continua a ser um grande desafio para garantir a sustentabilidade da indústria do cacau.