Quando abordamos a realidade de dezenas de milhares de pessoas deslocadas que vivem em condições precárias no local do ISP em Bunia, surge uma questão crucial: como pode uma situação tão alarmante persistir sem uma intervenção humanitária adequada durante quase três longos anos? Estes homens, mulheres e crianças, que fugiram dos abusos dos milicianos durante vários anos no território de Djugu, encontram-se no ISP Bunia, numa angústia diária que parece difícil de remediar.
Este quadro comovente é marcado por abrigos dilapidados, condições de vida insalubres e famílias inteiras que vivem numa espera desesperada para finalmente regressarem a casa, às suas aldeias de origem, assim que a paz for restaurada. No entanto, apesar do seu desejo de sobreviver e reconstruir, estas pessoas deslocadas afirmam estar completamente abandonadas pelas autoridades locais.
Quando alguém absorve a realidade no terreno, um sentimento de injustiça e desespero toma conta da mente. Os depoimentos recolhidos no local refletem um sofrimento profundo, uma vida feita de privações e falta de perspectiva. Histórias comoventes de pessoas deslocadas, como a de Samuel Nguna, um professor forçado a desistir da sua vocação para ficar “ocioso” neste lugar de peregrinação e esquecimento.
É difícil permanecer indiferente a esta angústia humana que persiste, apesar dos anos que passaram. As famílias deslocadas no ISP Bunia necessitam urgentemente de assistência humanitária, alimentos, roupas, mas acima de tudo, de um vislumbre de esperança e apoio para curar as feridas do exílio e da violência vivida.
O grito de angústia lançado pelos deslocados não pode ser ignorado. Desafia as nossas consciências e leva-nos a questionar a nossa responsabilidade colectiva para com estas populações negligenciadas. Porque é que estas pessoas deslocadas do ISP Bunia não recebem a mesma atenção que outros sites de pessoas deslocadas? Porquê esta desigualdade na assistência humanitária que os mantém numa precariedade insuportável?
É essencial que as autoridades competentes tenham plena consciência desta situação e atuem em conformidade. As pessoas deslocadas do ISP Bunia merecem atenção urgente, cuidados adequados e um plano de acção concreto que lhes permita recuperar a esperança e a dignidade.
Neste período em que a solidariedade e a ajuda mútua são mais necessárias do que nunca, é hora de agir para pôr fim ao sofrimento destes milhares de pessoas deslocadas esquecidas, que vivem na esperança de um futuro melhor. A sua voz deve ser ouvida, a sua dor reconhecida e a sua dignidade preservada. Trata-se da nossa humanidade e do nosso dever de ajudar os mais vulneráveis da nossa sociedade.