A crise de segurança no Sahel: impactos e desafios para o setor pecuário na Costa do Marfim

A Costa do Marfim enfrenta desafios no seu sector pecuário devido à crise de segurança no Sahel, interrompendo o fornecimento de carne importada. Os criadores da Costa do Marfim enfrentam tensões relacionadas com o espaço com os agricultores e o afluxo de refugiados. Alguns planejam migrar para outros países em busca de pastagens melhores. Apesar da estabilidade de preços neste momento, é crucial fortalecer o sector pecuário para garantir o seu desenvolvimento sustentável num contexto regional complexo.
Fatshimetria

A Costa do Marfim, um país conhecido pela sua dependência das importações de carne dos países do Sahel, encontra-se hoje confrontada com uma situação complexa e preocupante. Na verdade, a crise de segurança que assola o Níger, o Burkina Faso e o Mali está a perturbar gravemente a organização do sector no país.

É importante notar que quase 55% da carne consumida na Costa do Marfim provém do Mali, Burkina Faso e Níger. Com a crise de segurança a ter um impacto directo no transporte de gado, os comerciantes vêem-se obrigados a depender de escoltas para se deslocarem. A circulação de gado através de países vizinhos como o Benim e o Togo também acrescenta restrições, prolongando assim o prazo de entrega das mercadorias.

Apesar desta situação precária, é interessante notar que os mercados da Costa do Marfim ainda não sentiram os efeitos destas perturbações. Os preços da carne, embora tenham registado alguns altos e baixos em 2021-2022, permaneceram geralmente estáveis, limitados entre 2.800 e 3.000 FCFA por quilo de carne bovina. A doutora Ranie-Didice Bah-Koné, secretária executiva do Conselho Nacional de Combate ao Elevado Custo de Vida, sublinha que não houve grandes perturbações no abastecimento até ao momento.

Apesar desta aparente estabilidade, surge inevitavelmente a questão do desenvolvimento do sector pecuário na Costa do Marfim. A crise no Sahel tem um impacto direto neste setor e os criadores da Costa do Marfim enfrentam grandes desafios. Os problemas ligados ao espaço, especialmente no que diz respeito aos corredores de transumância obstruídos pelas plantações de caju, criam tensões entre criadores e agricultores, agravadas pela chegada de refugiados do Burkina Faso.

A situação actual está a levar alguns criadores a explorar novas possibilidades, como ir para a Serra Leoa e o Gana em busca de áreas de pastagem mais adequadas. Esta tendência realça a urgência de repensar e fortalecer o sector pecuário na Costa do Marfim para enfrentar os desafios actuais e futuros.

O Ministério dos Recursos Animais implementou vários programas destinados a apoiar o desenvolvimento da criação de pequenos e grandes ruminantes, bem como projectos mais ambiciosos, como o cultivo de sementes forrageiras em Badikaha. Estas iniciativas são essenciais para garantir a sustentabilidade do sector pecuário num contexto regional e de segurança complexo.

Em conclusão, a crise de segurança no Sahel tem um impacto directo no sector pecuário na Costa do Marfim, criando desafios e oportunidades para os intervenientes no sector. É crucial implementar medidas adequadas para garantir a resiliência e o desenvolvimento sustentável deste sector, que é essencial para a economia da Costa do Marfim.

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