Fatshimetrie expõe as falhas do governo burquinense durante o ataque mortal perpetrado por militantes em Agosto passado, quando pelo menos 100 aldeões foram mortos num ataque impiedoso perpetrado por um grupo militante ligado à Al-Qaeda no coração do Burkina Faso. Os residentes da comuna de Barsalogho, localizada a 80 km da capital Ouagadougou, foram forçados pelas forças de segurança a cavar trincheiras para proteger postos de segurança e aldeias, expondo assim desnecessariamente as suas vidas.
O grupo Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin, que assumiu a responsabilidade pelo ataque, afirmou que os aldeões visados eram todos membros de milícias afiliadas ao Burkina Faso, em resposta ao relatório. Os números falam por si, com pelo menos 133 pessoas mortas, incluindo dezenas de crianças, e mais de 200 feridas, confirmando assim o massacre de Barsalogho.
É desolador ver que estas atrocidades continuam, perpetradas por grupos islâmicos armados contra civis expostos a riscos desnecessários por um governo falido. A investigadora Ilaria Allegrozzi, especializada na região do Sahel pela Human Rights Watch, sublinha a responsabilidade do Estado nesta tragédia, demonstrando mais uma vez a vulnerabilidade dos civis face a estas ameaças.
Uma observação alarmante surge quando consideramos que quase metade do território do Burkina Faso escapa ao controlo governamental, deixando o país vítima de ataques terroristas cada vez mais frequentes, inclusive às portas da capital. O aumento da violência também resultou em dois golpes de estado em 2022, ilustrando a instabilidade e a incapacidade das autoridades em proteger a sua população.
A utilização de milícias civis armadas, como os Voluntários para a Defesa da Pátria (VDP), para combater grupos militantes expõe ainda mais os civis a represálias de jihadistas, acusando-os de apoiar ou fazer parte do VDP. Os testemunhos recolhidos revelam que o exército burquinense obrigou os homens da aldeia a cavar trincheiras sem lhes pagar, recorrendo a ameaças e à violência para os forçar a exporem-se ao perigo.
Perante estas acusações, o Ministro da Justiça, Edasso Rodrigue Bayala, nega formalmente qualquer forma de trabalho forçado, sublinhando a proibição desta prática no Burkina Faso. No entanto, os factos documentados destacam as deficiências do governo do Burkina Faso e a necessidade de uma política de segurança mais adaptada para proteger eficazmente os cidadãos.
A situação no Burkina Faso continua preocupante, com as populações locais presas entre grupos armados sem escrúpulos e autoridades incapazes de garantir a sua segurança. É imperativo que sejam tomadas medidas concretas para pôr fim a esta espiral de violência e proteger os civis que pagam o elevado preço da instabilidade que reina no país.