A cena artística congolesa, berço de talentos insuspeitados, está a assistir ao surgimento de uma figura de destaque, o slammer Medie Muntu, um artista empenhado com um verbo contundente e uma caneta afiada. A sua última criação, “As nossas mortes só prejudicam os mortos”, é muito mais do que uma canção violenta, é um grito de revolta contra a indiferença internacional face aos conflitos assassinos que sangram a República Democrática do Congo.
Num crescendo de versos elaborados, Medie Muntu denuncia o silêncio ensurdecedor que rodeia o sofrimento do povo congolês. Ela aponta a hipocrisia da comunidade internacional, que parece considerar cada vida congolesa como sacrificada antecipadamente, relegando assim os mortos a uma insignificância que apenas ofende os próprios mortos.
Esta composição musical vai além do simples entretenimento para se tornar um poderoso apelo à acção, um alerta que ressoa para além das fronteiras da RDC. Com efeito, a mensagem do Medie Muntu ressoa universalmente, convidando todos a tomarem consciência da sua responsabilidade na luta pela paz e pela justiça.
Muntu la Zemeusla, um nome artístico imbuído de poesia e mistério, é o único que encarna a força e a resiliência do povo congolês. O seu compromisso artístico faz parte de uma tradição de luta e dignidade, herdada de gerações de mulheres e homens que se recusaram a curvar-se face à injustiça.
Premiada inúmeras vezes pelo seu talento, Medie Muntu estabeleceu-se como uma voz importante na cena cultural congolesa. A sua obra transcende fronteiras, tocando o coração e a mente de quem ouve com atenção as suas palavras cheias de emoção e verdade.
Nesta época em que os valores humanos por vezes parecem vacilar, onde a indiferença parece ganhar terreno, Medie Muntu lembra com força e convicção que cada vida conta, que cada voz merece ser ouvida. “Os nossos mortos só prejudicam os mortos”, um refrão assustador que ressoa como um mantra, apelando à solidariedade, à empatia, à revolta contra o inaceitável.
Ao ouvir Medie Muntu bater com paixão e empenho, só podemos sentir a urgência de agir, de nos levantarmos contra a injustiça, de ousar quebrar o silêncio que rodeia as tragédias humanas que se desenrolam todos os dias na indiferença geral. Porque, afinal de contas, como tão acertadamente salienta a violência congolesa, os nossos mortos apenas prejudicam os mortos.