**O papel crucial da Abelha do Cabo na segurança alimentar e na preservação da biodiversidade na África do Sul**
Na África do Sul, a Abelha do Cabo é frequentemente subestimada, mas desempenha um papel vital na manutenção da segurança alimentar e da biodiversidade do país. Esses insetos pequenos, mas poderosos, são essenciais para a polinização, um processo essencial para a produção de alimentos.
Numa apresentação recente, Shelly Fuller, gestora do programa de frutas e vinhos da WWF África do Sul, destacou a importância da polinização para áreas como Grabouw, na província de Western Cape, onde são produzidas 80% das maçãs e peras do país. Esta região depende da polinização tanto para consumo interno como para exportações.
Cerca de metade da produção de Grabouw é para exportação, enquanto Langkloof responde por quase 20%. Compreender a relação entre as populações de abelhas e a produção agrícola é crucial, especialmente em áreas onde as savanas (pastagens selvagens sul-africanas) fornecem o alimento necessário para as abelhas em torno das terras agrícolas.
Vários especialistas e organizações recolheram dados sobre a disponibilidade de alimentos para as abelhas, destacando que a natureza é um parceiro comercial crítico, proporcionando garantia e resiliência. Uma das principais iniciativas é o relatório Farming With Biodiversity da WWF, que destaca como as práticas agrícolas sustentáveis podem restaurar e proteger ecossistemas essenciais para a agricultura.
A WWF, através de iniciativas como a Conservation Champions, trabalha com a indústria do vinho há mais de duas décadas para promover práticas agrícolas que respeitem a biodiversidade. As vinhas e as explorações frutícolas estão gradualmente a adotar práticas mais ecológicas, como a reintrodução da biodiversidade nas paisagens vinícolas para apoiar as abelhas e outros polinizadores.
As abelhas do Cabo enfrentam muitas ameaças, incluindo a perda de habitat, as alterações climáticas e práticas agrícolas prejudiciais. Uma ameaça significativa é a monocultura, que pode enfraquecer as colónias de abelhas, expondo-as à falta de diversidade alimentar, tornando-as mais vulneráveis a doenças e a tensões ambientais.
O declínio das populações de abelhas e a falta de colmeias resultam numa polinização deficiente das culturas, levando a colheitas fracas, menos escolhas alimentares, aumento da insegurança alimentar e ameaças à indústria agrícola.
Embora a África do Sul esteja a lutar para lidar com estas ameaças, estão em curso esforços, de acordo com Tlou Masehela, gestor de biodiversidade do Departamento de Florestas, Pescas e Ambiente.. O uso inadequado de pesticidas e as alterações climáticas afectam as abelhas, tal como a monocultura.
Salvar as abelhas requer uma acção concertada por parte dos agricultores, conservacionistas, decisores políticos e do público em geral. As abelhas polinizam mais de 50 culturas na África do Sul, no valor de 10 mil milhões de rands por ano, apoiando a produção de frutas, vegetais, nozes e sementes oleaginosas.
Sem as abelhas do Cabo, estas culturas sofreriam perdas dramáticas, colocando em risco tanto a economia como a segurança alimentar. Proteger estes preciosos polinizadores é essencial para garantir o nosso abastecimento alimentar e a estabilidade dos ecossistemas.