A República Democrática do Congo (RDC) tomou recentemente a decisão de cancelar o leilão de 27 locais planeados para a exploração de petróleo, devido a submissões tardias e à falta de concorrência. O ministro dos Petróleos, Aime Sakombi Molendo, anunciou que este leilão, lançado há dois anos, foi considerado pouco bem sucedido e por isso será cancelado, antecipando-se a uma nova venda a realizar posteriormente. Nenhum detalhe sobre o cronograma ou quantidade de blocos que serão leiloados foi divulgado até o momento.
Estes 27 blocos petrolíferos cuja venda foi cancelada contêm cerca de 22 mil milhões de barris de petróleo. É importante notar que a República Democrática do Congo, um país rico em minerais da África Central, é conhecida por possuir reservas petrolíferas significativas. No entanto, as actividades de perfuração têm sido até agora limitadas a uma pequena área na orla do Oceano Atlântico e ao largo da costa.
Nem é preciso dizer que esse leilão foi um ponto crucial para o país. Desde o lançamento desta iniciativa em Julho de 2022, as organizações ambientais têm soado o alarme, alertando para as consequências que a cedência de terras adicionais para a exploração petrolífera poderia ter, tanto na RDC como no estrangeiro.
A República Democrática do Congo abriga a maior parte da floresta tropical da Bacia do Congo, a segunda maior do mundo, bem como a maior turfa tropical do mundo, composta de matéria vegetal parcialmente decomposta de zonas úmidas. Juntos, estes ecossistemas capturam enormes quantidades de dióxido de carbono, cerca de 1,5 mil milhões de toneladas por ano, representando cerca de 3% das emissões globais.
Notavelmente, mais de uma dúzia de locais em leilão abrangem áreas protegidas de turfeiras e florestas tropicais, incluindo o Parque Nacional de Virunga, lar de alguns dos gorilas mais raros do mundo. A conservação destas áreas sensíveis é de capital importância para a biodiversidade e o clima global.
Tendo em conta estas importantes questões ambientais, é crucial que o governo da República Democrática do Congo reavalie a sua estratégia de exploração de petróleo, encontrando um equilíbrio entre o desenvolvimento económico e a protecção ambiental. A decisão de cancelar o leilão dos 27 sítios destaca a necessidade de encontrar soluções sustentáveis para a exploração dos recursos naturais do país, preservando ao mesmo tempo o seu inestimável património ambiental.