No mês passado, o mundo foi abalado pelo anúncio de um surto de febre de Marburgo na África Oriental, mais precisamente no Ruanda. Este vírus, semelhante ao Ébola, suscitou receios de uma nova grande crise de saúde na região. No entanto, relatórios recentes do director da agência de saúde pública de África mostram que a situação está sob controlo, eliminando a necessidade de restrições de viagens para o Ruanda.
Desde a sua declaração em 27 de setembro, o surto de febre de Marburg causou 13 mortes no país. É importante sublinhar que até à data não existe vacina aprovada ou tratamento específico para Marburgo, o que acrescenta uma dimensão de urgência à situação.
Para conter o surto, o Ruanda recebeu 700 doses de uma vacina experimental do Sabin Vaccine Institute, com sede nos EUA. Estas doses destinam-se a profissionais de saúde, socorristas e qualquer pessoa que tenha estado em contacto com casos confirmados. Mais de 200 pessoas já receberam a vacina desde a sua chegada, o que constitui uma primeira resposta concreta à crise.
Jean Kaseya, do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, elogiou a resposta robusta do governo do Ruanda, destacando o empenho de vários funcionários do governo na gestão da crise. Destacou particularmente o sistema implementado para rastrear os contactos das pessoas infectadas, evitando assim qualquer propagação do vírus para fora do país.
Neste contexto, a atualização das diretrizes de viagem pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos levanta questões. Ao exigir rastreios aos viajantes que visitaram recentemente o Ruanda e ao aconselhar as pessoas a limitarem as viagens não essenciais ao país, estas medidas podem parecer excessivas. O Ministro da Saúde do Ruanda, Sabin Nsanzimana, criticou estas recomendações, considerando-as inadequadas dada a transparência demonstrada pelo Ruanda na gestão da epidemia.
É essencial compreender que se acredita que o vírus de Marburg, tal como o Ébola, se origina em morcegos frugívoros e se espalha através do contacto directo com fluidos corporais de pessoas infectadas ou superfícies contaminadas. Sem intervenção médica, a taxa de mortalidade pode chegar a 88%, evidenciando a urgência da situação.
Numa tentativa de limitar a propagação do vírus, as autoridades ruandesas tomaram medidas rigorosas, incluindo a suspensão de sessões escolares, visitas a hospitais e a limitação de participantes nos funerais das vítimas de Marburg. Estas ações visam evitar qualquer contacto físico que possa promover a transmissão do vírus.
Em conclusão, é imperativo que a comunidade internacional apoie o Ruanda na sua luta contra o surto da febre de Marburgo.. A solidariedade e a cooperação entre os países são essenciais para conter eficazmente esta ameaça à saúde pública. A situação actual demonstra a importância da comunicação transparente e da resposta rápida aos surtos, destacando a necessidade de uma maior colaboração global em matéria de saúde pública.