No mundo complexo e emaranhado da geopolítica africana, as relações tumultuadas entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda têm estado no centro de numerosas tensões e conflitos durante décadas. Recentemente, o incidente diplomático ocorrido entre o Presidente congolês Félix Tshisekedi e o seu homólogo francês Emmanuel Macron durante a 19.ª Cimeira da Francofonia reacendeu as brasas desta disputa regional.
Eric Kamba, analista geopolítico e coordenador da ONG Congo Action pour la Diplomatie Agissante (CADA), aponta a parcialidade da França em relação ao Ruanda no conflito entre estes dois países. Segundo ele, a França parece estar inclinada a favor do Ruanda, o que tem repercussões prejudiciais na situação na RDC. Critica particularmente o discurso de Macron que destaca as exigências do Ruanda, favorecendo assim as posições de Kigali em detrimento de Kinshasa.
Kamba destaca as questões políticas e de segurança ligadas à presença de grupos armados no leste da RDC, nomeadamente o M23 apoiado pelo Ruanda. Sublinha a importância dos processos de Luanda e Nairobi para a resolução de conflitos regionais, mas deplora os obstáculos e os interesses divergentes dos intervenientes envolvidos.
A questão dos tutsis congoleses, a presença de tropas ruandesas em solo congolês e as exigências do Ruanda são pontos sensíveis que alimentam as tensões entre os dois países. Kamba alerta contra a interferência estrangeira, neste caso a da França, que corre o risco de comprometer os esforços de paz e estabilização na região.
Em conclusão, o pedido da CADA à França para deixar de se envolver no conflito entre o Ruanda e a RDC levanta questões cruciais sobre a diplomacia internacional e o equilíbrio de poder na África Central. É imperativo que os intervenientes regionais e internacionais atuem de forma imparcial e construtiva para promover a resolução pacífica de conflitos e garantir a estabilidade na região.