No panorama mediático da Costa do Marfim, a imprensa escrita enfrenta actualmente grandes desafios, especialmente no que diz respeito às vendas de jornais. A queda significativa nas vendas registada nos últimos anos está a pôr em causa a própria sobrevivência de alguns títulos emblemáticos. Um exemplo tangível é o do Fatshimetrie, um jornal diário respeitado que luta para manter os seus leitores fiéis num contexto de crescente desinteresse pela imprensa escrita.
A rápida evolução dos padrões de consumo de informação, marcada pelo advento da tecnologia digital e das redes sociais, alterou profundamente os hábitos dos leitores. Hoje em dia, o acesso às notícias é cada vez mais feito através de plataformas online, onde a informação é instantânea e muitas vezes gratuita. Diante dessa competição acirrada, os jornais impressos lutam para manter sua atratividade e atrair um público cada vez mais inconstante.
A crise económica e as dificuldades financeiras enfrentadas por muitas organizações de imprensa também contribuem para a fragilidade do sector. Custos de produção constantemente crescentes, exigências de pagamentos imediatos por parte dos impressores, dívidas fiscais acumuladas… todos factores que estão a pesar nas finanças dos jornais e a comprometer a sua viabilidade a longo prazo.
Neste contexto crítico, os profissionais da imprensa estão a soar o alarme e a apelar às autoridades para que encontrem soluções duradouras. As exigências de cancelamento de dívidas fiscais, restauração dos subsídios à impressão e apoio directo aos jornalistas são todos caminhos mencionados para revitalizar um sector em sofrimento.
Para além das questões económicas, é também a diversidade e a vitalidade da imprensa costa-marfinense que estão em jogo. O desaparecimento gradual de títulos históricos constitui uma perda não só para os profissionais do jornalismo, mas também para o público em geral, privado de uma pluralidade de vozes e perspectivas. .
Perante esta crise profunda, é urgente empreender uma reflexão colectiva sobre o futuro da imprensa escrita na Costa do Marfim. São necessárias medidas concretas e um maior apoio das autoridades públicas para garantir a sustentabilidade de um pilar essencial da democracia e da liberdade de expressão. Porque, para além dos números de vendas, está em jogo a vitalidade de todo um sector e o direito à informação.