Planeamento familiar e empoderamento das mulheres deslocadas: sensibilização crucial em Lushagala, RDC

Fatshimetrie, 27 de Setembro de 2024 – Mulheres e raparigas deslocadas do local de Lushagala, localizado a oeste de Goma, Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, beneficiaram recentemente de uma sensibilização essencial sobre a importância da contracepção e os riscos associados aos abortos clandestinos. Esta intervenção ocorreu por ocasião do Dia Internacional da Contracepção, comemorado todos os anos no dia 26 de setembro em todo o mundo desde 2007.

Sob o tema nacional “A liberdade de escolher o planeamento familiar para o empoderamento efetivo das meninas e mulheres na RDC”, Hélène Kavuo, presidente da corporação de parteiras do Kivu do Norte, sublinhou a importância deste dia para sensibilizar as mulheres deslocadas para o fundamental conceitos relacionados ao planejamento familiar. Ela destacou a ligação histórica entre a contracepção e o aborto, defendendo o aumento da utilização de métodos contraceptivos para reforçar os direitos das mulheres de decidir sobre o número e espaçamento dos nascimentos, contribuindo ao mesmo tempo para a saúde das mães e das crianças e reduzindo as gravidezes indesejadas. A contracepção adequada, acrescentou ela, também pode melhorar a sobrevivência da família como um todo.

Apesar da existência de numerosos métodos contraceptivos para as mulheres, Hélène Kavuo destacou a necessidade de desenvolver métodos contraceptivos adaptados aos homens, quebrando assim o estereótipo segundo o qual a contracepção é assunto apenas da mulher. Neste sentido, considerou fundamental levar esta consciência às mulheres deslocadas, que já enfrentam múltiplas dificuldades. O acesso à contracepção, sublinhou ela, é um direito fundamental para melhorar a saúde das mulheres e raparigas, garantindo ao mesmo tempo gravidezes planeadas e desejadas.

Além disso, a Comissária Dagrâce Kilomoni, Secretária para a coordenação da polícia judiciária no Kivu do Norte, recordou o quadro legislativo em vigor na RDC em matéria de aborto. O artigo 166.º do Código Penal prevê penas de servidão penal até 10 anos para mulheres que pratiquem aborto voluntário. No entanto, destacou os progressos alcançados com a inclusão, no diário oficial, do protocolo de Maputo, oferecendo a possibilidade de as mulheres recorrerem ao aborto em casos específicos como violação, incesto ou quando a saúde da mãe está em perigo.

Em conclusão, é essencial educar as jovens sobre a sexualidade responsável, a fim de prevenir abortos clandestinos e gravidezes indesejadas. A sensibilização das mulheres deslocadas em Lushagala faz parte desta abordagem essencial que visa garantir o direito ao planeamento familiar escolhido e reduzir os riscos para a saúde das mulheres.. Este dia de sensibilização não deve ser uma simples comemoração, mas sim o ponto de partida para uma reflexão contínua sobre as ações a implementar para promover a saúde e o empoderamento das mulheres na República Democrática do Congo.

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