O leste da República Democrática do Congo (RDC) é, infelizmente, uma região que carrega as cicatrizes profundas dos conflitos armados que a devastam há décadas. Esta violência tem consequências devastadoras para a saúde das populações locais e tem um impacto significativo na sociedade como um todo. Nesta região do mundo onde os interesses económicos se misturam com as tensões políticas, o Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) decidiu realizar um estudo científico em grande escala para avaliar com precisão este impacto na saúde.
O Dr. Dieudonné Mwamba, Director Geral do INSP, tomou a ousada decisão de lançar este estudo estratégico, destacando assim a urgência de ter em conta as consequências dos conflitos armados na saúde pública. Esta iniciativa, única no seu género, visa traçar um quadro completo das repercussões a curto, médio e longo prazo da violência na saúde das populações, mas também nas estruturas de saúde já fragilizadas por anos de conflito.
Os números alarmantes apresentados pelas Nações Unidas revelam a extensão do desastre humano causado por estes conflitos: milhões de mortes e pessoas deslocadas, famílias desfeitas, uma economia de joelhos… Mas para além destas estatísticas trágicas existem realidades ainda mais sombrias. As doenças infecciosas estão a espalhar-se, a subnutrição está a tornar-se endémica, a violência baseada no género está a intensificar-se e o trauma psicológico está a aumentar, deixando cicatrizes profundas nas comunidades.
Num contexto em que 19 das 34 zonas de saúde no Kivu do Norte são assoladas pela insegurança total, onde os estabelecimentos de saúde são saqueados, queimados e onde o pessoal médico é alvo de ataques, é crucial compreender o impacto global desta violência na saúde pública e na sociedade como um todo. As consequências desastrosas dos conflitos armados afectam todos os aspectos da vida quotidiana, enfraquecendo a economia local, degradando infra-estruturas essenciais e minando a confiança das pessoas nas autoridades.
O estudo realizado pelo INSP oferece assim uma oportunidade única para destacar estes efeitos devastadores, mas também vai além, oferecendo dados factuais e recomendações concretas para desenvolver políticas de saúde pública adequadas. Ao sensibilizar a comunidade internacional para as consequências invisíveis dos conflitos armados, abre caminho à sensibilização colectiva e à acção concertada para melhorar a situação das populações afectadas.
Assim, ao analisar o impacto dos conflitos armados na RDC na saúde, o INSP está a empenhar-se numa abordagem crucial para a reconstrução de um sistema de saúde sustentável, para a protecção das populações vulneráveis e para a promoção da paz e da estabilidade numa região marcada por anos de conflito. Este estudo, através da sua ambição e rigor científico, deverá ajudar a esclarecer os decisores sobre as questões cruciais relacionadas com a saúde pública em zonas de conflito e a gerar a mobilização internacional a favor de uma acção humanitária concertada e eficaz.