Na sexta-feira à noite, em Túnis, centenas de pessoas invadiram as ruas do centro da cidade para expressar o seu descontentamento com um clima político cada vez mais restrito na Tunísia. A pedido de vários movimentos políticos e da sociedade civil, estes manifestantes proclamaram em voz alta o seu desacordo, enquanto as liberdades fundamentais parecem estar ameaçadas no país.
A tensão aumenta à medida que se aproximam as eleições presidenciais marcadas para 6 de Outubro, com apenas dois candidatos a competir para enfrentar o Presidente cessante, Kaïs Saïed. Mas a presença na prisão de um dos candidatos suscita críticas e alimenta acusações de “mascarada eleitoral”.
Nesta procissão turbulenta, são principalmente as mulheres que se encontram na linha da frente. Carregando slogans como “Liberdade!” ou “abaixo a ditadura”, estes valentes manifestantes deram o tom do protesto. Entre eles, muitos jovens, como Karim Jelassi, activista político, que destaca os obstáculos à liberdade de expressão e as recentes detenções de políticos.
A procissão, barulhenta e determinada, avança em clima tenso. Bassem Trifi, figura da Liga Tunisina para os Direitos Humanos, saúda a coragem dos manifestantes que enfrentam o medo e a pressão governamental.
No entanto, nem todos partilham deste entusiasmo. Mohamed-Amine, motorista de táxi, expressa abertamente o seu cepticismo em relação aos manifestantes, que suspeita serem pagos e não representativos do povo tunisino que apoia Kaïs Saïed apesar das dificuldades do país.
A multidão chega finalmente à Avenida Bourguiba, símbolo da revolução de 2011. Lá, a mensagem é clara: a luta pelas liberdades e pela democracia não terminou e os tunisinos estão prontos para lutar para preservar o que adquiriram na sua revolução passada.
Neste contexto de tensões políticas e sociais, a mobilização dos cidadãos continua a ser um pilar crucial para fazer ouvir as vozes dissidentes e defender uma Tunísia livre e democrática.