As incríveis caves trogloditas de Bhalil, ancoradas na história milenar de Marrocos, são muito mais que uma curiosidade turística. Aninhadas nas colinas tranquilas desta encantadora aldeia tradicional perto de Fez, estas habitações subterrâneas evocam um passado rico e testemunham uma época distante. Com efeito, estas grutas intemporais, datadas do século IV, abrigaram sucessivamente as tribos Amazigh, os Volubilis, e depois em 1270 os Banu Hilal, tornando assim palpável a profundidade da história desta região.
O presidente da Associação de Turismo, Cultura, Ambiente e Desporto de Bhalil, Thami Anjam, mergulha-nos na história destas cavidades ancestrais ao revelar a sua origem ligada aos vales envolventes. Cativados pela altura e abundância de água e solo fértil, os primeiros habitantes instalaram-se nestas cavidades naturais, escavando ainda mais para criar habitações, abrigos para o gado ou reservas para as suas culturas. Assim, estes habitats rudimentares transformaram-se gradualmente em refúgios requintados, embora alguns habitantes reconheçam os desafios colocados pela humidade persistente dos locais.
Najia Sribet, herdeira de uma destas grutas, testemunha a sua vida no seio desta herança ancestral, simbolizando simultaneamente uma tradição familiar e uma restrição financeira. Se a modernização de Bhalil levou ao desaparecimento gradual destas cavernas, alguns proprietários como Thami Anjam abriram as suas portas aos visitantes, oferecendo assim aos turistas uma experiência única e autêntica.
Para além do seu aspecto pitoresco, estas caves trogloditas representam uma questão crucial para a preservação do património cultural e histórico da região. À medida que o turismo volta a disparar em Bhalil, com o afluxo de visitantes em busca de autenticidade, a necessidade de restaurar e preservar estas habitações ancestrais torna-se cada vez mais premente.
A Associação de Turismo, Cultura, Ambiente e Desporto de Bhalil apela a uma acção concertada das autoridades para salvaguardar estes vestígios do passado, garantes da identidade local. Contudo, o desafio é grande, porque a modernização e o êxodo rural ameaçam a sustentabilidade destas jóias arquitectónicas. Assim, a preservação destas caves trogloditas exigirá um compromisso financeiro e uma consciência colectiva para garantir a transmissão deste património único às gerações futuras.
Em suma, as caves trogloditas de Bhalil não são apenas um simples vestígio do passado, mas um testemunho vivo de uma história rica e complexa, ancorada nas tradições centenárias de Marrocos. A sua preservação é um imperativo para preservar a alma e a autenticidade desta região, ao mesmo tempo que oferece aos visitantes um mergulho fascinante num mundo antigo e misterioso.