O desafio da coabitação política na África do Sul

**O desafio da coabitação dentro do governo de coalizão na África do Sul**

A cena política sul-africana tem estado turbulenta desde que o Partido Democrático (DA) de John Steenhuisen se juntou inesperadamente ao governo de coligação liderado pelo Congresso Nacional Africano (ANC). A improvável aliança entre antigos inimigos políticos provocou previsões de potenciais conflitos dentro do governo, mas o líder da DA diz que não serão catastróficos para as esperanças de recuperação do país.

As relações de trabalho entre o partido DA, de centro-direita, e o ANC, de esquerda, podem revelar-se difíceis, mas, segundo Steenhuisen, estas divergências não representarão uma ameaça existencial ao governo. Ele reconhece que haverá momentos de conflito e divergência sobre as políticas a seguir para tirar a África do Sul da sua “crise profunda”.

A formação do governo de coligação, incluindo o ANC, o DA e oito outros pequenos partidos políticos, segue-se a negociações meticulosas após as eleições nacionais em Maio. Este acordo histórico surge depois de o ANC, há muito dominante, ter perdido a sua maioria parlamentar pela primeira vez desde o fim do apartheid em 1994. O país encontra-se, portanto, numa situação política sem precedentes.

O governo de coligação enfrenta agora o desafio de combater a impressionante taxa de desemprego de 32% da África do Sul, a mais elevada do mundo fora das zonas de conflito. Embora a economia sul-africana tenha estagnado durante uma década, a AD, sob a liderança de Steenhuisen, concentra-se exclusivamente na criação de emprego e na recuperação económica.

Contudo, as divergências parecem inevitáveis, especialmente sobre projectos de lei sensíveis, como a lei da educação e a lei da saúde. Estas questões poderão testar a força da coligação governamental, enquanto a Procuradoria-Geral afirma estar pronta para contestar em tribunal leis contrárias às suas convicções.

Apesar destes desafios, Steenhuisen salienta que existe também uma lista de políticas que o ANC e a DA acordaram desde a formação do governo de coligação. Em particular, partilham o desejo de reformar uma economia em declínio e de criar empregos para reduzir a pobreza.

Em última análise, o sucesso desta experiência de governo de coligação na África do Sul dependerá da capacidade dos parceiros políticos para superarem as suas diferenças, trabalharem em conjunto e implementarem reformas económicas decisivas para um futuro melhor. O caminho pode estar repleto de armadilhas, mas se houver vontade política, a África do Sul poderá superar os seus desafios para preparar o caminho para a prosperidade partilhada.

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