Goma, 13 de Setembro de 2024 – A questão da sub-representação das mulheres nos processos de paz locais na República Democrática do Congo continua a ser um assunto preocupante e complexo. Embora as mulheres constituam 52% da população, a sua participação nos órgãos de resolução de conflitos no Kivu do Norte ainda é bastante limitada, lamenta Blandine Masemo Zaina, especialista em género e desenvolvimento.
Esta realidade alarmante levanta questões profundas sobre o lugar das mulheres na construção de uma paz duradoura. Apesar das numerosas resoluções adoptadas pelo governo congolês, tais como a implementação da Resolução 1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre as mulheres, a paz e a segurança, as mulheres continuam em grande parte excluídas dos processos de tomada de decisão relacionados com a paz e a segurança.
É fundamental desconstruir os estereótipos e preconceitos que limitam a participação das mulheres nestes processos. As mulheres devem ser vistas não apenas como vítimas de conflitos, mas sobretudo como potenciais agentes de paz. A sua exclusão prejudica a qualidade e a sustentabilidade dos acordos de paz, uma vez que as preocupações e prioridades das mulheres diferem frequentemente das dos homens.
Portanto, é imperativo envolver activamente as mulheres rurais nas iniciativas de paz. A sua exclusão não só compromete a eficácia dos acordos de paz, mas também prejudica a construção de uma paz inclusiva e duradoura. Experiências passadas demonstraram que os acordos de paz que incorporam as vozes das mulheres têm maior probabilidade de serem aceites e respeitados por toda a população.
Numa província como o Kivu do Norte, marcada por conflitos recorrentes e violência persistente, a inclusão das mulheres é uma componente essencial para alcançar uma paz verdadeiramente duradoura. Os esforços dos defensores e grupos dos direitos das mulheres são vitais para aumentar a consciência sobre a importância da inclusão das mulheres nos processos de paz e para promover uma sociedade mais justa e igualitária.
Em suma, a sub-representação das mulheres nos organismos de paz no Kivu do Norte é um grande obstáculo que deve ser ultrapassado para garantir um futuro pacífico e próspero para toda a população. A inclusão das mulheres não é apenas uma questão de justiça, mas também uma necessidade para construir uma paz duradoura e inclusiva nesta região devastada por conflitos e violência.