Desafios educacionais para crianças deslocadas na República Democrática do Congo

Fatshimetrie, edição de 2 de setembro de 2024 – Embora o início do ano letivo tenha corrido bem na maioria das províncias da República Democrática do Congo, surge um grande desafio para as crianças deslocadas, que recentemente regressaram à escola. Estes jovens, que foram directamente afectados por anos de conflito armado e deslocamentos forçados, nutrem um desejo ardente de retomar a sua educação em condições precárias e incertas.

Na parte oriental do país, assolada pela violência perpetrada pela coligação M23-AFC-ADF e outras milícias apoiadas por interesses externos, muitas escolas foram fechadas e realocadas. As crianças de Ituri, Kivu do Norte, Mai-Ndombe, Kwango e Kinshasa-Maluku vêem-se assim obrigadas a ultrapassar grandes obstáculos no acesso à educação.

No Kivu do Norte, por exemplo, as autoridades educativas enfrentam a urgência de criar espaços de aprendizagem temporários para os milhares de crianças deslocadas. A falta de salas de aula, carteiras e professores qualificados constitui um obstáculo significativo à reintegração destes alunos no sistema escolar. Apesar dos esforços realizados no ano passado para estabelecer escolas em campos de deslocados internos, o número de crianças que aguardam a educação continua a ser considerável.

Na província de Ituri, a situação não é mais optimista. As escolas tiveram de ser realocadas devido aos confrontos armados, colocando em risco a segurança de alunos e professores. Em Bunia, mais de mil crianças deslocadas estão matriculadas numa escola primária, enfrentando grandes desafios estruturais, como a utilização de materiais de construção inadequados e perigosos.

Em Kinshasa-Maluku, onde as tensões comunitárias levaram ao encerramento de várias escolas, os estudantes refugiaram-se noutros bairros para continuarem os seus estudos, apesar das dificuldades encontradas. A educação destas crianças deslocadas constitui uma questão crucial para o seu futuro e o de todo o país.

Perante esta realidade pungente, as autoridades congolesas e a comunidade internacional devem redobrar os seus esforços para garantir o acesso a uma educação de qualidade para todas as crianças, especialmente aquelas afectadas por conflitos armados e deslocamentos forçados. A educação é um direito fundamental que deve ser preservado em todas as circunstâncias, porque representa a esperança de um futuro melhor para estas jovens vítimas da guerra.

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